A SumUp foi uma das primeiras empresas estrangeiras a perceberem aquilo que nós já sabíamos: que o mercado brasileiro de maquininhas de cartão estava pronto para crescer de forma fenomenal.
No Brasil desde 2013, ela chegou com a SumUp Chip, um leitor de cartão simples, sem chip, que funcionava inserido na entrada de áudio do celular. Hoje, a empresa é destaque com modelos diferenciados que chamam a atenção pelo design único.
SumUp – Fatos & Dados
- Fundada em Berlin, Alemanha, em 2012
- Chegou no Brasil em 2013
- Incorporou a Payleven em 2016
- Mais de 3 milhões de clientes em 35 países
- Oferece maquininhas de cartão, conta digital, link de pagamento, empréstimos, antecipação de recebíveis e sistema de gestão PDV.
Desde o início, ficou claro para nós que a SumUp seria um concorrente de peso na chamada guerra das maquininhas, oferecendo taxas bem mais baixas que os concorrentes. Por isso, em 2015, conversamos com o então diretor e fundador da empresa no Brasil, Igor Marchesini, para entender melhor as propostas da empresa.
Agora, em 2024, o cenário é bem diferente. Pós-pandemia e passando por diversas mudanças políticas, as empresas fornecedoras de máquinas de cartão estão lidando com desafios bem diferentes, como o Pix e o Tap On Phone.
Por isso, converasmos com Lucas Roque, gerente de Sales & Growth da SumUp no Brasil para saber o que a empresa está preparando para os empreendedores brasileiros, bem como a visão da empresa sobre os novos desafios.
Mudanças nos modelos das maquininhas SumUp
Até bem pouco tempo atrás, a SumUp contava com modelos maiores e/ou mais parecidos com as máquinas de cartão tradicionais: SumUp On e Total, além do leitor de cartão para celular SumUp Top.
Hoje, a empresa destaca-se com a SumUp Solo, nas versões com e sem Printer. Com design e componentes 100% proprietários, este modelo nos deixou bastante curiosos desde o seu lançamento.
Se por um lado ela lembra e o muito o leitor Top, ela vem chip e pacote de dados, garantindo independência sem prejudicar a mobilidade.
E ela é ainda mais impressionante na versão com impressora de recibo, já que parecia impossível ter essa funcionalidade em uma aparelho tão pequeno e leve. Mas a SumUp Solo Printer permite entregar comprovante de papel em qualquer lugar.
Nosso entrevistado:
Lucas Roque
Gerente Sales & Growth SumUp
Esta mudança corajoda é defendida pela empresa como um passo importante na busca por oferecer melhores produtos e serviços. Como nos disse Lucas Roque,
“A história da SumUp é recheada de momentos em que disruptamos o mercado, seja no Brasil, seja nos outros 35 países em que operamos. Esse é mais um desses. (…) A Solo nos dá muito mais flexibilidade para desenvolver funcionalidades e serviços que entreguem exatamente o valor que o nosso cliente precisa. Além disso, com essa mudança, temos muito mais controle estratégico sobre as linhas de produção, entregas e estoques.”
De qualquer forma, entendemos que é um desafio encorajar alguns empreendedores brasileiros usar um produto que é tão diferenciado já no aspecto visual. Com tantos golpes com maquininhas acontecendo, muitos comerciantes, e mesmo seus clientes, devem estranhar e desconfiar do formato quadrado e pequeno da SumUp Solo.
Ao consideramos essa questão, Lucas Roque concordou que a empresa está ciente de que introduzir um produto inovador no mercado é um processo com desafios, o qual exige tempo, investimento em campanhas e muitos testes.
E foi pensando nisso que a SumUp lançou a campanha “Saia do Padrão”, por exemplo, a qual foi um dos elementos decisivos para a boa aceitação já alcançada para o produto. Mas a empresa afirma que está ouvindo clientes e pensando na contínua evolução do produto.
Novo foco em pequenos e médios emprendedores
Outro ponto que notamos é o fato da SumUp estar ampliando o seu perfil de cliente. Se antes a empresa parecia mais interessada em atrair micro empreendedores, hoje são os pequenos e médios empreendedores o foco das campanhas – com destaque para aqueles com faturamentos entre R$ 15 mil e R$ 60 mil por mês.
Ao questionarmos essa mudança, Lucas Roque esclareceu que ela foi iniciada há dois anos atrás, sendo motivada pelo entendimento de que essa fatia de clientes ainda estava muito mal servida pelos concorrentes.
“As taxas eram altas, com leitores caros e desatualizados, muitas vezes sem serviços complementares, como empréstimo e pagamento instantâneo. Concorrentes mais tradicionais reservavam benefícios realmente especiais apenas para os grandes empreendedores.”
E é por meio do SumUp Bank que a empresa vem oferecendo os citados empréstimos e pagamento instantâneo das vendas – este último, por meio da antecipação de recebíveis.
“Nossos clientes que usam o SumUp Bank são mais fiéis à empresa e têm uma satisfação muito superior, indicando que o produto atende muito bem a um segmento do mercado, que tem sido o nosso maior foco”, disse Lucas Roque, afirmando os serviços da conta digital devem ser progressivamente ampliados até que seja oferecido um banco completo para o empreendedor LTDA.
Mudança no perfil de taxas SumUp
A SumUp foi pioneira na oferta de taxas baixas no Brasil. E, em nossa experiência aqui no MobileTransaction, são as nossas informações e análises de taxas um dos aspectos que mais atraem os nossos leitores interessados em soluções de pagamento.
Ao longo dos anos, a SumUp tem mudado não só os custos de suas taxas mas também os planos e ofertas. Atualmente, por exemplo, a empresa cobra taxas diferentes para Visa e Mastercard na comparação com outras bandeiras – algo que não fazia há alguns meses atrás.
Imagem: © Mobile Transaction
Design diferenciado da SumUp Solo (versão Printer à esq) destaca empresa da concorrência
Lucas Roque defende essa mudança, afirmando que aceitação tem sido excelente entre os clientes. Segundo ele, essa diferenciação permitiu que, na média, as taxas SumUp sejam mais baixas para os tipos de transações que os clientes mais usam.
No caso, a referência são as vendas pagas com Visa e Mastercard, bandeiras que detém mais 90% do segmento de cartões de crédito ativos por arranjo de pagamento segundo o Banco Central (dados referentes ao quarto trimestre de 2022).
Lucas Roque também destacou o mesmo que nos foi dito pelo ex-diretor Igor Marchesini anos atrás sobre a proposta da empresa de manter taxas baixas, simplesmente, por acreditar que esses são os valores mais justos para os clientes. E ele defende que isso não é tudo:
“À primeira vista, sim, taxas são muito importantes. Muitas vezes, são as taxas que chamam a atenção do cliente em uma campanha online ou durante uma conversa com nossos vendedores. Mas apenas taxas não são o suficiente. Entendemos que taxas são o que mostramos na vitrine, mas o cliente vem para a SumUp e se mantém nosso cliente por causa do nosso portfólio completo de produtos, por causa de nossos serviços e do nosso atendimento.”
Tap On Phone e Pix trazem novos desafios
Só que é a tecnologia Tap On Phone que vem trazendo incertezas para o setor de pagamentos brasileiro. Após a revolução Pix ter facilitado a realização de pagamentos pelo celular, o Tap On Phone agora também permite aceitar cartão pelo mesmo aparelho. E a dúvida é se essas alternativas vão tornar a maquininha de cartão obsoleta.
Mas a SumUp aposta na complementariedade desses meios de pagamento. Segundo Lucas Roque, a proposta da empresa é facilitar a aceitação de pagamentos e permitir a inclusão financeira, processando o pagamento do modo que for mais barato e conveniente em cada momento da jornada do empreendedor.
Imagem: © Mobile Transaction
SumUp Top também chama a atenção pelo formato quadrado, cor branca e confiabilidade
Por outro lado, a empresa acredita que tanto o interesse no Pix quanto a tendência do Tap on Phone ainda contam com limitações, as quais ainda mantém o interesse dos comerciantes pela máquina de cartão.
“O Tap On Phone, por exemplo, ainda restringe o valor das transações e os modelos de celular em que funciona. E isso faz da máquina de cartão uma opção mais barata e mais flexível. A maquininha também é a melhor solução para quem aceita um volume muito grande de transações, por conta da duração da bateria, da velocidade de cobrança e da disponibilidade imediata”, explica Lucas Roque.
Já o Pix também tem a velocidade de cobrança como um dos principais desafios, para o gerente de Sales & Growth da SumUp:
“Imagine uma fila de um self-service às 13h, em que todos os clientes decidam pagar por Pix. Por isso, entendemos que as maquininhas ainda têm muito valor.”
Ainda assim, Lucas Roque afirma que a SumUp continua a trabalhar diariamente para evoluir e sanar as deficiências de sua solução Tap on Phone e do seu ecossistema Pix. Por isso, continuaremos atentos aqui no MobileTransaction para avaliar uma possível mudança de interesse e opinião também ente os empreendedores.
Aposta na força da empresa global
Para atingir os seus objetivos, a SumUp aposta na força gerada por ser uma empresa global. Presente em 35 países e com cerca de 3 milhões de clientes, o perfil da SumUp é umd os mais completos e bem estabelecidos do setor, principalmente na Europa.
Em países como a Irlanda, temos testemunhado a presença marcante e comum das maquininhas SumUp nas mãos de micro e pequenos empreendedores de diversos setores, desde vendedores de rua até lojistas e profissionais liberais.
“Do ponto de vista de marca, ser uma empresa global nos confere credibilidade frente aos nossos clientes. Isso é embasado em uma estrutura gigante de processamento de pagamentos, com infraestrutura tecnológica e capital suficientes para que sempre possamos pagar nossos clientes no prazo”, explica Lucas Roque.
“Essa globalização também permite ganhos de escala, que naturalmente são repassados para os nossos clientes na forma de taxas mais baixas e máquinas mais baratas. Ter um time global também nos permite acessar os melhores talentos, independentemente de onde eles vivam. Isso confere qualidade e excelência a todos os serviços que nós oferecemos.”
O gerente de Sales & Growth da SumUp também destaca que ser uma empresa global mantém a empresa ciente das inovações em pagamentos em cada região em que ela opera.
“Como exemplo, soluções que foram desenvolvidas para o Brasil, um país com um sistema financeiro avançadíssimo, foram depois implementadas em outros países, o que fez a SumUp inovar naqueles mercados. Mas o contrário também acontece: Inovações que surgiram no Reino Unido serão nosso parte da nossa estratégia para 2024 no Brasil.”
Agora é só esperar para ver o que mais a Sumup pretende trazer para o Brasil e que resultados a empresa irá observar ao lidar com essa nova fase do mercado de máquinas de cartão.
Veja o que pensam os líderes da indústria de pagamentos:
- InfinitePay: Pablo de Mello Leonardo
- C6 Bank: Monisi Costa
- Acqio: Robson Campos
- iNSeRT Payments: Eduardo Camasmie
- SafraPay: Gustavo Gomes
- PagSeguro: Juan Fuentes
- Zettle: Daniel Bergman
- SumUp: Igor Marchesini
- Zettle: Anders Norinder