Muita coisa mudou no setor de pagamentos nos últimos anos. A pandemia do Covid-19 aumentou o interesse em pagamentos por aproximação (NFC) já que estes diminuem as chances de contágio.
No Brasil, a chegada do Pix sacudiu o mercado e deu novo impulso aos pagamentos via QR Code e outros pagamentos entre celulares. E muitas empresas já começam a oferecer soluções do tipo Tap on Phone, mas conhecido por aqui como maquininha no celular.
Essas novas tecnologias têm se mostrado muito promissoras, levantando uma questão importante: elas irão substituir as máquinas de cartão em um futuro próximo? A verdade é que a resposta não é tão simples assim.
Acesso a smartphones cria tendência variável
Existem diferentes formas de pagar com QR Code, mas o cliente sempre precisa de um smartphone para concluir a transação.
Posse de telefone celular
Fonte: IBGE, PNAD 2021
Normalmente, o cliente escaneia o QR Code do lojista (em um painel, adesivo ou na tela) com a câmera do celular e, em seguida, insere os detalhes do cartão ou seleciona a carteira ou conta digital para concluir a transação.
Isso tem sido (e ainda é) conveniente para pedidos em restaurantes e bares, economizando o tempo face a face da empresa e permitindo que o cliente faça o pedido sem ter que se levantar da mesa. E também que ele pague sem ter que ir ao caixa.
Celular por gênero
Fonte: IBGE, PNAD 2021
Mas, para que essa forma de pagamento floresça, os clientes precisam ter um celular moderno e saber usá-lo para pagamentos digitais. E isso pode não ser tão simples assim em um país como o Brasil.
Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, temos por aqui 242 milhões de celulares inteligentes, ou seja, mais de um por habitante. Mas isso não quer dizer que todo mundo tem um celular.
Motivo para não ter celular | Total | Urbana | Rural |
---|---|---|---|
Preço do celular | 28,1% | 26,5% | 32,4% |
Não sabe usar celular | 23,5% | 23,3% | 24,2% |
Falta de interesse | 19,2% | 19,4% | 18,5% |
Usa o celular de outros | 16,1% | 16,6% | 14,6% |
Outro motivo | 8,2% | 9,8% | 4,3% |
Preço do pacote de dados | 3,7% | 4% | 3% |
Serviço indisponível na região | 1,2% | 0,5% | 3% |
Fonte: IBGE, PNAD 2021
De acordo com a PNAD contínua do IBGE, 15,6% da população brasileira não tinha nenhum tipo de celular em 2021 – e a proporção é bem mais alta quando se compara a população urbana e rural. Há ainda diferenças entre mulheres e homens, e entre estados e regiões.
Entre os motivos apresentados para não ter um celular, o custo do aparelho e não saber como usá-lo lideram a lista. E essas são sérias barreiras ao uso de pagamentos que dependem de smartphones, aparelhos de preço mais alto e com mais funcionalidades que podem ser difíceis de compreender.
Celular por idade
Fonte: IBGE, PNAD 2021
Assim, fica claro que o sucesso das novas formas de pagamento depende de uma melhor homogeneização do acesso a smartphones. E isso não é algo tão simples de tornar realidade, já que depende de questões ligadas ao poder aquisitivo e nível educacional da população como um todo.
Máquina de cartão tem vantagens
Embora as pessoas precisem de um smartphone para pagar por meio de QR Codes, um cartão de crédito ou débito de plástico é perfeitamente adequado para pagamentos por aproximação (NFC), com ou sem uma máquina de cartão como intermediária.
Mas é preciso ter um aparelho para pagamento como carteiras digitais, como Apple Pay e Google Play. E também para a chamada maquininha no celular, como os seguintes:
E este deve ter o sistema operacional especificado pelo fabricante e na versão adequada – geralmente, um celular inteligente mais antigo não permitirá o uso do aplicativo.
Várias maquinetas de cartão aceitam pagamento por QR Code
Já a máquina de cartão tem como principal vantagem permitir que qualquer cliente com um cartão de crédito ou débito, ou mesmo pré-pago, possa fazer pagamentos. E estes costumam ser oferecidos pelo banco tradicional ou digital, geralmente sem custo ou por um custo baixo.
Além disso, muitas maquininhas aceitam QR Code, permitindo o pagamento com Pix e carteiras digitais. E se ela falhar, os aplicativos que as acompanham costumam vir como alternativas, como links de pagamento ou venda digitada.
O melhor é ter alternativas
Sabemos que os pagamentos com Pix, QR Codes e maquininha no celular estão crescendo entre pequenos negócios em todo o Brasil. E isso tem um importante lado positivo, ampliando a aceitação de pagamentos entre os comerciantes e diminuindo o uso de dinheiro vivo.
Para muitos empreendedores, essas são formas convenientes de receber pagamento. Mas elas ainda não funcionam para toda a população brasileira. Por exemplo, algumas delas podem ser mais ou menos acessíveis de facilitar pagamentos para portadores de deficiência visual. Por enquanto, é ideal oferecer mais de uma forma de pagamento, principalmente no interior do país.