No mundo bancário e financeiro, encontramos cada vez mais a palavra fintech (muitas vezes, também escrita como FinTech). No entanto, esse termo de origem americana é usado com diferentes significados, o que pode gerar algumas confusões.
Afinal, o que queremos dizer quando falamos de “fintech”, em geral, ou sobre uma “fintech” específica?
Para responder a essa pergunta, vamos começar por conferir algumas definições que refletem os diferentes usos dessa palavra. Essas definições deixam claro o que é a área de fintech e que tipos de empresas atuam nesse setor.
Fintech
1. Abreviatura do termo em inglês Financial Technology, remete à aplicação das novas tecnologias no campo das finanças.
2. A indústria que aplica essas tecnologias. Nesse caso, falamos simplesmente “fintechs”, em vez de “o setor fintech”, por exemplo.
3. Uma empresa do setor: “uma fintech”.
Este termo é usado, no Brasil, como um adjetivo variável. Falamos, por exemplo, em “empresas fintech”, ou apenas em “fintechs” – assim mesmo, no plural.
Resumindo, a partir da definição original do termo, que se refere à aplicação de novas tecnologias em serviços e produtos financeiros, ele começou a ser usado para se referir a todas as empresas do setor, em conjunto ou em separado. A influência das empresas americanas popularizou o uso desse termo em outros países, como o Brasil.
Principais tecnologias das fintechs em 2021
Em um artigo da Universidade de Glyndŵr (País de Gales), a história da aplicação de novas tecnologias ao mundo das finanças é traçada a partir da colocação do primeiro cabo transatlântico, em 1958.
Esse foi um importante passo para o Fintech 1.0. Afinal, permitiu o surgimento da rede SWIFT, com a qual foram facilitadas as trocas interbancárias entre os dois continentes e a utilização de caixas automáticos.
Nos últimos tempos, no entanto, há cada vez mais uma aplicação massiva das novas tecnologias da informação na área das finanças. O Fintech 2.0 teria ocorrido com o surgimento da internet, enquanto o Fintech 3.0 é marcado pela exploração de imensos volumes de dados.
A seguir, falamos sobre algumas das tecnologias que marcam essa fase atual.
Internet – Sem dúvidas, o elemento mais importante. As novas empresas não precisam contar com uma rede de comunicação dedicada, podendo trocar informações a um custo muito menor.
Serviços em nuvem (Cloud) – A centralização e o armazenamento de dados por meio de serviços especializados melhora a segurança e a capacidade de processamento das informações. Este é mais um fator de redução de custos, pois leva a uma necessidade menor de pessoal especializado e dispensa a criação de uma nova infraestrutura na fase de crescimento da empresa.
Smartphones – Os smartphones têm tido um papel central no desenvolvimento das fintechs do setor B2C (Business to Consumer). Se não fosse pela popularização massiva dos smartphones, os novos bancos digitais, os pagamentos com QR Code e os aplicativos de pagamento jamais teriam visto a luz do dia.
RFID e NFC – A identificação por radiofrequência (RFID) e sua aplicação para curtas distâncias (NFC) são essenciais para pagamentos sem contato com cartão bancário ou por meio de aplicativos de carteira eletrônica no smartphone.
APIs – Esta sigla, que significa Interface de Programação de Aplicação, está relacionada à capacidade de troca de dados entre um programa e outro. Por exemplo, no contexto de Open Banking, a API de um banco poderá ser capaz de transmitir informações a uma outra empresa, como ocorre no caso dos aplicativos que agregam contas bancárias. Outros exemplos: o uso de API por um banco digital para se comunicar com um software de contabilidade, ou seu uso por plataformas de e-commerce para se comunicar com serviços de pagamento.
Central de dados na nuvem é essencial para fintechs
Criptografia – Este campo complexo da tecnologia e dos negócios emprega recursos de software e hardware para alterar dados de modo que os torne ilegíveis para pessoas não autorizadas. Sem a aplicação de criptografia, nenhuma informação financeira pode ser trocada hoje em dia.
Tokenização – A transformação de dados sensíveis em tokens proporciona uma camada de segurança adicional às transações. Ao contrário da criptografia, os tokens não permitem que sejam encontradas as informações originais. Por exemplo, é possível criar um token para usar um cartão de crédito em uma só compra na internet.
Blockchain – Uma rede blockchain resolve em grande medida o problema da integridade de dados. Em uma blockchain, a criptografia é usada para vincular blocos de dados. Desse modo, qualquer alteração nos dados invalida toda a cadeia. Atualmente, sua aplicação no mundo das finanças ainda é experimental, mas está por trás do sucesso de criptomoedas como o Bitcoin e o Ethereum.
Big Data – Este termo se refere ao armazenamento e à análise de volumes de dados grandes e variados. O big data dá aos bancos e às seguradoras a oportunidade de conhecer melhor seus clientes, fazer previsões, detectar fraudes e prevenir riscos. A exploração de grandes volumes de dados é viabilizada pela computação em nuvem, já mencionada, e pelo machine learning.
Machine Learning – Essenciais para o processamento de grandes volumes de dados, as aplicações de machine learning são baseadas em inteligência artificial. Elas permitem o treinamento de programas para a execução de tarefas que envolvem, por exemplo, a detecção de padrões ou anomalias. Seu impacto já pode ser sentido de forma profunda nos setores de investimentos, seguros e contabilidade.
Classificação das fintechs
Já descrevemos algumas das tecnologias de maior destaque, atualmente, na indústria das fintechs. Agora, veremos alguns tipos de empresas que atuam nessa área, especificamente no Brasil.
Não existe uma classificação oficial para as empresas deste setor no Brasil. Mesmo em outros países, essa é uma classificação difícil de ser feita, visto que novos produtos e negócios surgem a todo instante e podem cobrir mais de uma atividade ou necessidade dos consumidores.
Para a classificação a seguir, optamos pelas categorias apresentadas em um relatório da KPMG sobre fintechs no Reino Unido, em 2020.
BankingTech – Reúne as fintechs voltadas a serviços bancários, incluindo bancos digitais e agregadores de bancos. Exemplos: Nubank e Banco Inter.
PayTech – Abrange as fintechs que atuam na infraestrutura e oferta de serviços de pagamento, incluindo carteiras digitais e facilitadores de transferências internacionais. Exemplos: PicPay e Remessa Online.
LendingTech – Diz respeito às fintechs voltadas à área de empréstimos e financiamentos, incluindo serviços factoring, crédito de curto e longo prazo, crowdfunding e microcrédito. Exemplos: Creditas e Lendico.
InsureTech/AssurTech – Reúne fintechs da área de seguros, incluindo seguros automotivos, de vida e outras modalidades. Exemplos: Segurize e Minuto Seguros.
WealthTech – Abrange as fintechs dedicadas à gestão de patrimônio e aos serviços de consultoria de investimento por meio de robo-advisors. Exemplo: Magnetis e Verios.
RegTech – As regtechs ajudam empresas a cumprir as regulamentações nacionais e internacionais sobre gerenciamento de risco, segurança e identidade. Exemplos: idwall e LegalBot.
AccountingTech – São as fintechs voltadas à gestão e contabilidade. Exemplo: Contabilizei.
Como dissemos, essa é apenas uma das formas de classificar as fintechs. Afinal, em muitos casos, uma mesma empresa pode oferecer serviços que a colocariam dentro de mais de uma categoria. Esse é o caso de bancos digitais como o Nubank, que pode ser classificado como BankingTech, mas também atua como LendingTech e até mesmo como InsureTech.