Entrevistamos Eduardo Camasmie, diretor da iNSeRT Payments, do grupo New Space, para saber o que ele pensa sobre os meios de pagamentos no Brasil. Ele dá uma aula sobre o setor e conta o que é preciso para fazer ainda melhor, não só para grandes empresas, mas também para o micro e pequeno empreendedor.
Quem é Eduardo Camasmie:
Referência nos mercados de tecnologia e meios de pagamento, Eduardo Camasmie possui mais de 30 anos de experiência no setor, tendo atuado na Cielo e na Credicard/Rede. Ele é um dos responsáveis pelo desenvolvimento e consolidação do mercado de pagamentos móveis no Brasil.
No Grupo New Space, está a frente da iNSeRT Payments, unidade de negócios especializada em soluções para o mercado de meios de pagamento. Eduardo também gerencia a Universidade iNSeRT, espaço de capacitação de tecnologia aplicada a meios de pagamento para os novos colaboradores.
Mobile Transaction Brasil – Nesses 30 anos em que você tem atuado no mercado de pagamentos, quais as mudanças mais significativas que presenciou no setor no Brasil?
Eduardo Camasmie: Houve uma série de movimentos importantes para chegarmos ao ambiente que vemos hoje. Não sei se chamaria de mudanças, mas de evoluções que tocaram a tecnologia, o ecossistema, seu papel e as suas próprias regulações.
Como um primeiro marco, temos a criação da Visanet e da Redecard. A primeira consolidou as redes de captura de transações do Banco do Brasil, Bradesco, Real e Nacional. A segunda nasceu de um split de uma operação em closed loop da Credicard em duas verticais, a de emissão e processamento de cartões e a de adquirência. A primeira exclusiva da bandeira Visa, a segunda da bandeira Mastercard.
Essa configuração perdurou por muitos anos e permitiu, pela necessidade de ganhos em eficiência operacional, o surgimento de diversas outras empresas especializadas e nichadas. Software houses de automações comerciais e soluções de pagamentos, fabricantes de equipamentos, integradores, etc. Um ecossistema completo.
Depois foi a vez das tecnologias de captura…
Sim. As tecnologias para captura de transações também evoluíram muito rapidamente.
Foram dos terminais discados aos equipados com redes celulares, cartões inteligentes EMV, terminais POS web-based, contactless.
A internet explorava e dava os primeiros passos ao e-commerce.
Ao mesmo tempo, adquirentes, bancos, bandeiras, empreendedores e o próprio varejo virtual buscavam encontrar tecnologias e formas para prover a melhor experiência de compra aos novos consumidores digitais.
As tradicionais sentiram a determinação daqueles que chegaram dispostos a competir em outras arenas, atacando os três pilares da indústria: a taxa de desconto (MDR), o aluguel de POS e a antecipação de recebíveis.
Vinham juntos os gateways de pagamentos, os subadquirentes, os marketplaces, as carteiras eletrônicas, os smartphones, a banda larga popularizada, a quebra do duopólio, a regulação das contas de pagamentos, dos bancos digitais, a explosão das startups e fintechs, serviços digitais, sociais, etc.
Depois foi a vez das tecnologias de captura…
Sim. As tecnologias para captura de transações também evoluíram muito rapidamente.
Foram dos terminais discados aos equipados com redes celulares, cartões inteligentes EMV, terminais POS web-based, contactless.
A internet explorava e dava os primeiros passos ao e-commerce.
As tradicionais sentiram a determinação daqueles que chegaram dispostos a competir em outras arenas, atacando os três pilares da indústria: a taxa de desconto (MDR), o aluguel de POS e a antecipação de recebíveis.
Ao mesmo tempo, adquirentes, bancos, bandeiras, empreendedores e o próprio varejo virtual buscavam encontrar tecnologias e formas para prover a melhor experiência de compra aos novos consumidores digitais.
Vinham juntos os gateways de pagamentos, os subadquirentes, os marketplaces, as carteiras eletrônicas, os smartphones, a banda larga popularizada, a quebra do duopólio, a regulação das contas de pagamentos, dos bancos digitais, a explosão das startups e fintechs, serviços digitais, sociais, etc.
E qual a consequência disso tudo?
O mesmo desenvolvimento dos meios de pagamentos que nos trouxe até aqui, com tantas evoluções verticais – com poucas, contudo, realmente significativas, estruturais e escaláveis – parece ter atingido um nível de maturidade tal, que promete, desta vez, ser mais disruptivo do que as ondas até aqui, inclusive com apoio do atual governo.
Eduardo Camasmie, diretor da Insert Payments, defende uma política que favoreça a competição justa
Destes, os que sobreviverem e se conectarem entre si, e com os bancos tradicionais, farão parte do novo sistema bancário e de pagamentos, mais competitivo, com menores custos e mais democrático.
Em que momento da carreira você sentiu que o mercado de pagamento estava passando por seu momento mais desafiador?
As tradicionais sentiram a determinação daqueles que chegaram dispostos a competir em outras arenas e a colocar a adquirência como coadjuvante da oferta de uma cesta de produtos, atacando inusitadamente as linhas de receita nos três pilares da indústria: a taxa de desconto (MDR), o aluguel de POS e a antecipação de recebíveis.
O que permitiu que empresas como PagSeguro e Mercado Pago roubassem uma fatia do mercado que antes era monopólio da Cielo e Rede, além das mudanças nas políticas do Banco Central?
O surgimento dos gateways de pagamentos e, em seguida, dos subadquirentes, se deu pela necessidade de uma estrutura que suportasse a explosão do varejo virtual.
Essas novas empresas tinham acesso a nichos que as credenciadoras não alcançavam devido aos criteriosos requisitos mínimos de afiliação, o que abriu espaço para atingirem um mercado ainda inexplorado.
Passaram do mundo digital ao físico, oferecendo soluções de pagamentos que somente as credenciadoras formais tinham acesso, o POS e o TEF. Ganharam muitos clientes e, com isso, uma relevância que requereu a atenção e a providência aos reguladores.
Você acredita que os meios de pagamento tradicionais de pagamento já estão sofrendo com o impacto?
Os meios de pagamentos tradicionais baseados nos cartões plásticos continuam muito bem e assim devem seguir por mais um longo tempo. Consolidações, perdas de volumes e margens acontecerão com o tempo, mas manterão ainda muita saúde.
Eduardo Camasmie acredita que pagamento com QR Code deve crescer no Brasil
O pagamento com QR Code, bem como os pagamentos instantâneos, deve se tornar popular no Brasil?
O QR Code já é uma das principais tecnologias para geração de credenciais de pagamentos.
Aliado às soluções biométricas, deverão tomar grande relevância na expansão dos bancos e carteiras digitais, além das contas de pagamentos que, como falamos, deverão ser fundamentais para a formação de um novo modelo de como realizamos pagamentos, transferências, investimentos, empréstimos, etc.
Saiba o que outro especialista pensa sobre QR Code no Brasil
Apesar de tantas novidades, a verdade é que muitos empreendedores ainda atuam como pessoa física, sem sequer ter uma conta bancária. O que é preciso fazer para garantir a todos o acesso a meios de pagamento seguros e eficientes?
Uma política mais barata de crédito, aliada a soluções financeiras pré-pagas, tem se mostrado uma combinação vencedora para atender tanto às pessoas físicas quanto às jurídicas.
As contas digitais são um importante instrumento para bancarização massiva, e irão impulsionar a transformação do ambiente de negócios no mercado de pagamentos.
Com custos mais baixos, menor complexidade, políticas menos restritivas de crédito, somadas ao aumento da segurança, da interoperabilidade e do espectro de produtos e serviços, os pagamentos instantâneos parecem ser o caminho natural da transformação que se aproxima.
Que conselho você dá ao novo ou pequeno empreendedor que precisa receber pagamentos, mas se vê perdido em meio a tantas opções disponíveis?
Independentemente de estar no mercado físico ou digital, o que ainda é disparado o método de pagamento mais usado é o tradicional.
Observe, principalmente, a qualidade dos serviços, a estabilidade e a disponibilidade dos sistemas e da rede, e, principalmente, o suporte técnico oferecido.
Combine sua necessidade de aceitação de bandeiras, vouchers e outras formas de pagamentos às ofertas de serviços complementares e aos custos envolvidos.
Uma política mais barata de crédito, aliada a soluções financeiras pré-pagas, tem se mostrado uma combinação vencedora para atender pessoas físicas e jurídicas.
Após estudar bem essas questões, escolha seu parceiro.
Sempre que viável, escolha adicionalmente aderir aos sistemas de bancos ou carteiras digitais. Estes, normalmente, oferecem preços muito interessantes.
O que a iNSeRT Payments traz de diferencial para o mercado de pagamentos? Para que perfil de empreendedor as soluções da empresa trazem maiores benefícios?
A iNSeRT Payments possui um centro de competência operacional focado nos processos de negócios do mercado de pagamentos. São duas verticais independentes e sinérgicas.
A primeira é um centro de comando focado no monitoramento de negócios e na experiência de usuários na ponta onde os serviços de nossos clientes são prestados.
É o guardião da saúde dos seus negócios.
A segunda vertical é um bureau de serviços integrados focado no cliente de nossos clientes, na experiência dos indivíduos.
São serviços de BPO (Business Process Outsourcing) técnicos, voltados do suporte à integração, homologações, help desk, ativação e recuperação de clientes, conciliação de recebíveis, atividades de retaguarda (backoffice), antecipação de recebíveis, centrais de atendimento, etc.
As contas digitais são um importante instrumento para bancarização massiva, e irão impulsionar a transformação do ambiente de negócios.
Nossos diferenciais são nossas ferramentas próprias, aplicação de inteligência artificial, otimização e robotização de processos, ambientes de alta disponibilidade e tecnologia, além de anos de experiência nesse mercado e em processos de missão crítica.
O que a iNSeRT Payments traz de diferencial para o mercado de pagamentos? Para que perfil de empreendedor as soluções da empresa trazem maiores benefícios?
A iNSeRT Payments possui um centro de competência operacional focado nos processos de negócios do mercado de pagamentos. São duas verticais independentes e sinérgicas.
A primeira é um centro de comando focado no monitoramento de negócios e na experiência de usuários na ponta onde os serviços de nossos clientes são prestados.
É o guardião da saúde dos seus negócios.
As contas digitais são um importante instrumento para bancarização massiva, e irão impulsionar a transformação do ambiente de negócios.
A segunda vertical é um bureau de serviços integrados focado no cliente de nossos clientes, na experiência dos indivíduos.
São serviços de BPO (Business Process Outsourcing) técnicos, voltados do suporte à integração, homologações, help desk, ativação e recuperação de clientes, conciliação de recebíveis, atividades de retaguarda (backoffice), antecipação de recebíveis, centrais de atendimento, etc.
Nossos diferenciais são nossas ferramentas próprias, aplicação de inteligência artificial, otimização e robotização de processos, ambientes de alta disponibilidade e tecnologia, além de anos de experiência nesse mercado e em processos de missão crítica.
Você tem ressaltado a necessidade de monitorar a empresa de perto. Como o novo ou pequeno empreendedor pode fazer isso sem ter que assumir custos fixos altos?
Um serviço desse tipo precisa de investimentos em ambientação, equipamentos, licenças, pessoa, entre outros. E estes são custos recorrentes. Para suavizar o impacto financeiro aos clientes que ainda estão em processo evolutivo, ou que não desejam ter altos custos mas precisam vigiar suas operações de perto, oferecemos o serviço de monitoramento compartilhado.
O nosso centro de monitoramento é totalmente personalizado, ou seja, o cliente determina o que iremos monitorar. Nós temos clientes que monitoram o desempenho de agências (quando uma não cumpre a meta, nós sinalizamos), clientes que monitoram transações (validações, tempo, etc.), tem os que monitoram fornecedores, enfim, são muitas as possibilidades.
O que o Brasil vem fazendo certo e em que precisa melhorar na hora de receber pagamentos?
As grandes mudanças têm sido viabilizadas e promovidas pelos nossos órgãos reguladores, o que tem incentivado empreendedores a investirem num ambiente mais estável e conhecido.
Por outro lado, o ambiente de competição também deixou o jogo mais duro para aqueles que não possuem uma variedade de produtos de larga abrangência. Ofertas combinadas de produtos e serviços financeiros têm tirado a atratividade de algumas linhas importantes de seus negócios.
Daí a importância da atuação dos órgãos governamentais em garantir uma competição justa, onde o poder econômico não seja fator decisivo de sucesso.
Os serviços de pagamento continuam a crescer em número e formato. Atingiremos um patamar estável em breve, em que somente as melhores sobreviverão, ou há ainda muito chão para andar?
Se repararmos, a seleção de soluções vencedoras para as próximas décadas já aconteceu. Ainda irão evoluir, novas tentativas surgirão, ficarão mais seguras, mas o gabarito já está bem sustentado.
O desenvolvimento dos meios de pagamentos que nos trouxe até aqui parece ter atingido um nível de maturidade que promete ser mais disruptivo
Depois de tantos anos em busca do dispositivo ideal, ganhou o smartphone.
E depois de tantas tentativas de formas de pagamentos móveis e pessoais, as tecnologias de contas e as carteiras digitais consolidaram-se como a melhor e mais flexível alternativa.
São centenas de iniciativas que estão correndo hoje nessa plataforma.
Empresas e grupos gigantes estão explorando sua base de clientes para alavancar seus projetos de banco e carteira digital.
Outras iniciativas são de startups, com objetivos bem fechados para explorar segmentos ainda mais específicos. O ambiente de negócios está fértil para o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
E, quando tudo isso estiver conectado entre si, teremos um modelo interoperável, abrangente e simples acima de tudo. O que vejo é que existem ainda algumas que precisam se provar como um sistema seguro e resiliente a falhas.
Veja o que o superintendente da SafraPay promete para manter-se em alta
Veja o que pensam os líderes da indústria de pagamentos:
- SumUp: Lucas Roque
- InfinitePay: Pablo de Mello Leonardo
- C6 Bank: Monisi Costa
- Acqio: Robson Campos
- iNSeRT Payments: Eduardo Camasmie
- SafraPay: Gustavo Gomes
- PagSeguro: Juan Fuentes
- Zettle: Daniel Bergman
- SumUp: Igor Marchesini
- Zettle: Anders Norinder
Os serviços de pagamento continuam a crescer em número e formato. Atingiremos um patamar estável em breve, em que somente as melhores sobreviverão, ou há ainda muito chão para andar?
Se repararmos, a seleção de soluções vencedoras para as próximas décadas já aconteceu. Ainda irão evoluir, novas tentativas surgirão, ficarão mais seguras, mas o gabarito já está bem sustentado.
Depois de tantos anos em busca do dispositivo ideal, ganhou o smartphone.
E depois de tantas tentativas de formas de pagamentos móveis e pessoais, as tecnologias de contas e as carteiras digitais consolidaram-se como a melhor e mais flexível alternativa.
O desenvolvimento dos meios de pagamentos que nos trouxe até aqui parece ter atingido um nível de maturidade que promete ser mais disruptivo
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Empresas e grupos gigantes estão explorando sua base de clientes para alavancar seus projetos de banco e carteira digital.
Outras iniciativas são de startups, com objetivos bem fechados para explorar segmentos ainda mais específicos. O ambiente de negócios está fértil para o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
E, quando tudo isso estiver conectado entre si, teremos um modelo interoperável, abrangente e simples acima de tudo. O que vejo é que existem ainda algumas que precisam se provar como um sistema seguro e resiliente a falhas.
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