Taxas diferentes para cada bandeira vêm se tornando uma realidade entre as maquininhas de cartão sem aluguel. Isso já era comum entre as que cobravam mensalidade, mas, agora, mesmo as alternativas estão começando a fazer o mesmo.

PagSeguro, Ton e SumUp são algumas dessas empresas que passaram a cobrar juros diferentes para cada cartão. E isso tem gerado dúvidas entre micro e pequenos empreendedores.

Como calcular o preço do produto ou serviço sem perder dinheiro? E como explicar isso para o cliente? Veja a resposta para essas e outras perguntas a seguir.

Lei permite o repasse dos juros

Logo de início, vamos acabar com a sua preocupação. Você não tem que sair perdendo porque o cliente chegou com uma bandeira que cobra uma taxa de juros mais alta. Esse custo pode ser absorvido pelo preço final do seu produto ou serviço e a lei brasileira permite que você repasse a taxa da maquininha para o cliente.

A questão é que há uma forma certa de fazer isso. E aumentar o preço nem sempre é uma boa ideia. Por diversos motivos que vamos discutir a seguir, você deve pensar bem e considerar como e quando fazer o ajuste.

Calcule o preço com cuidado

A primeira coisa que você terá que observar é o impacto de ter taxas diferentes por bandeira no preço de seu produto. Para isso, como é de praxe, você deve incluir todos esses custos durante o cálculo para não acabar perdendo dinheiro.

Revisando, o cálculo de preço deve levar em consideração os custos variáveis, fixos e a sua margem de lucro. As taxas de transação são parte dos custos variáveis – ainda que elas sejam sempre as mesmas.

Calculando preço para diferentes bandeiras

Você terá que fazer as contas para saber como lidar com taxas diferentes por bandeira

A sua dúvida deve ser então qual taxa irá adicionar, já que há porcentagens diferentes para bandeiras diferentes. Você terá duas opções:

  • Se você for oferecer preços diferentes para o cliente a depender da bandeira de cartão que ele usar, terá que calcular cada um deles.
  • Se for oferecer o mesmo preço para todos os cartões, o ideal é usar a taxa mais alta. Desta forma, você não fica no prejuízo.

No segundo caso, se o seu cliente apresentar uma bandeira de taxa menor, você tem a opção de oferecer um desconto ou incluir a diferença no seu lucro. De qualquer forma, o importante é analisar todos os cenários e fazer todos os cálculos possíveis para você saber bem o que irá fazer com antecedência. Não é uma boa ideia tomar esse tipo de decisão ou parar para fazer contas na frente do cliente.

Considere as expectativas de seu cliente

Para decidir como lidar com as taxas diferentes por cartão, é importante que você pense nas expectativas de seu cliente. No Brasil, é comum oferecer descontos para quem paga em dinheiro em vez de cartão, por exemplo, mas a prática pode não ser possível em seu negócio.

O custo de lidar com dinheiro vivo, por exemplo, além da falta de segurança criada por ter notas e moedas logo ali no caixa da loja, pode ser um impeditivo.

Muitos clientes também podem não andar com dinheiro em mãos, ou outra alternativa de pagamento além do cartão. Assim, recusar receber uma certa bandeira, ou tornar este uso muito mais caro, pode você fazer perder vendas. Você terá que encontrar uma forma de manter o lucro sem afastar possíveis clientes.

Veja o que os concorrentes estão fazendo

Passe algum tempo pesquisando o que seus concorrentes estão fazendo. Eles estão oferecendo preços diferentes por cartão? Estão aceitando apenas um número restrito de bandeiras? Se a maioria do mercado estiver agindo de uma certa forma pode ser que você precise seguir o mesmo princípio, já que isso cria uma expectativa entre os clientes.

Caso não note nenhuma mudança significativa na forma de aceitação de cartão, observe se o preço do produto ou serviço aumentou. Isso pode significar que os seus concorrentes decidiram ajustar o custo com base na taxa mais alta. Sendo assim, você fica mais tranquilo ao fazer o mesmo, pois o seu preço não será muito diferente  que o da concorrência.

Aceite apenas certas bandeiras

Uma alternativa é decidir aceitar no seu negócio apenas as bandeiras cujas taxas de transação fazem sentido para você. O fato da maquininha de cartão oferecer uma seleção ampla não obriga você a usá-la. Fica a seu critério.

Mas você precisa ter certeza de que está fazendo a escolha certa. Faça uma pesquisa e determine quais as bandeiras mais usadas pelos seus clientes antes de qualquer coisa. Se estiver começando, veja o que é oferecido por seus concorrentes.

Vendedora recusando cartão de crédito

Se for recusar bandeiras, ofereça alternativas

Deixar de receber a forma de pagamento preferida pode ter um impacto negativo no seu faturamento. Por isso pense em qual bandeira precisa aceitar e com qual máquina de cartão.

No Brasil, você precisa sempre precisa oferecer Visa e Mastercard. E, a depender do perfil do seu cliente, pode precisar também de Elo, American Express, Hiper ou Hipercard. Em certas partes do país, Diners Club e Banricompras tornam-se essenciais.

Se for seguir essa opção, considere oferecer formas alternativas de pagamento, como dinheiro vivo e aquilo que você já pode ter caso a máquina de cartão falhe. assim, você poderá ainda fechar negócio se o cliente só tiver uma bandeira que você não aceita.

Quando é melhor ficar no prejuízo

Pode ser que, em alguns casos específicos, você considere que seja melhor usar a taxa por bandeira mais barata mesmo que o cliente pague com uma que cobre mais caro. Como não se trata de um imposto, fica a seu critério absorver o custo.

Por exemplo, pode valer a pena ficar no prejuízo em tais situações:

  • A sua margem de lucro é boa e você está disposto a abrir mão de um pouco dela em troca de não aumentar preços.
  • O seu mercado é bastante competitivo e você não pode mexer na sua política de preços sem perder espaço.

Esta prática também pode ser uma boa ideia para provedores de serviços. Você informa ao cliente que irá aplicar uma taxa mais baixa de início para que ele conheça o seu serviço – como se fosse um desconto. Caso ele venha a lhe contratar para outras tarefas, aí sim, você começa a cobrar a taxa certa.

Transparência acima de tudo

Seja o que for que você decidir, transparência é essencial. O seu cliente deve sempre ser capaz de identificar quais as formas de pagamento disponíveis e qual o preço que estará pagando pelo seu produto ou serviço.

E isso deve acontecer o quanto antes. Ele ficará desapontado se perceber que não poderá levar a mercadoria para casa já quando estiver no balcão tentando fazer o pagamento. Coloque um poster na vitrine da sua loja e crie uma página sobre isso na sua loja virtual (se tiver uma). Assim, você comentários negativos sobre o seu negócio.