Receber uma nota falsificada é um temor que assombra muita gente, e há boas razões para isso: quase metade das pessoas que trabalham em estabelecimentos comerciais no Brasil afirma já ter recebido uma nota fraudada, segundo a pesquisa “O brasileiro e sua relação com o dinheiro”, realizada pelo Banco Central em 2018.

Veja a seguir como você, micro e pequeno empreendedor, pode evitar esse tipo de prejuízo no seu negócio.

Maioria só verifica notas de R$100 e R$50

Seguir os procedimentos de verificação de autenticidade da cédula ou moeda, indicados pelo próprio Banco Central, reduz consideravelmente as chances de prejuízo. No entanto, a maioria das pessoas só toma essas medidas no caso de notas de maior valor, como R$100 e R$50.

De acordo com a pesquisa, 79% dos comerciantes entrevistados sempre verificam se as notas de R$100 são autênticas. Este percentual cai para 12% quando as notas em questão são as de R$2.

Realmente, as notas preferidas pelos falsificadores são as de R$100 reais, com mais de cem mil delas retiradas de circulação pelo Banco Central (veja os dados aqui) a cada ano. Mas, mesmo notas de R$2 e de R$5 são forjadas.

Itens de segurança do real

Para não ser uma vítima de criminosos, o Banco Central orienta tanto os comerciantes quanto os consumidores a observarem os itens de segurança sempre que receberem uma nota, qualquer que seja o valor.

A grande maioria das cédulas em circulação hoje no país pertence à segunda família do real, lançadas a partir de 2010. Estas notas são mais modernas, e por isso mesmo, mais difíceis de serem falsificadas.

Mas, está ainda em circulação um número menor de notas pertencentes à primeira família do real, que entraram em circulação entre 1994 e 2009.

Os itens que garantem a autenticidade de cada uma das famílias variam um pouco:

Notas da Primeira Família do Real
Marca d’água
Imagem latente
Registro coincidente
Relevo
Notas da Primeira
Família do Real
Marca d’água
Imagem latente
Registro coincidente
Relevo
Notas da Segunda Família do Real
Marca d’água
Número escondido
Faixa holográfica
Número que muda de cor
Alto-relevo

Fonte: Banco Central do Brasil

Notas da Segunda
Família do Real
Marca d’água
Número escondido
Faixa holográfica
Número que muda de cor
Alto-relevo

Fonte: Banco Central do Brasil

O passo a passo está disponível no site do Banco Central.

Fio de segurança é o item mais verificado

Durante a pesquisa, os comerciantes demonstraram um bom nível de conhecimento sobre os principais itens de segurança do real. O fio de segurança é o mais conhecido, tendo sido apontado corretamente por 71% das pessoas ouvidas na pesquisa.

Em seguida estão a marca d’água, que pode ser observada contra a luz, e a impressão em alto-relevo, reconhecidos corretamente por 68% e 50% dos entrevistados, respectivamente.

Por outro lado, as microimpressões são desconhecidas por 55% dos comerciantes. O resultado é compreensível, pois elas são os valores da nota impressos em tamanho muito pequeno, visíveis apenas com a ajuda de uma lupa.

Reconheça o fio de segurança

Ilustração do fio de segurança em nota de cem reais

Nota de R$100

Ilustração do fio de segurança em nota de cinquenta reais

Nota de R$50

Ilustração do fio de segurança em nota de vinte reais

Nota de R$20

Fonte: Banco Central do Brasil

Apesar do fio de segurança ser o item mais verificado, a maioria das pessoas que afirmou já ter recebido uma cédula falsa disse ter reconhecido a fraude por meio da textura do papel (48%). O real é impresso em papel produzido com a fibra do algodão, mais áspero que o papel comum. Já a diferença nas cores foi o que chamou a atenção de 17% das pessoas.

Como resultado do desconhecimento e da falta de hábito de verificar a validade das cédulas, 45% das vítimas que receberam notas falsas só souberam da fraude porque foram alertadas por outra pessoa.

Entre os que receberam uma cédula falsa, 35% afirmaram tê-la rasgado ou jogado fora. Devolver para a empresa ou pessoa que passou a nota foi uma medida tomada por 28%, enquanto 13% dos entrevistados entregaram a um banco. Porém, 9% admitiram ter usado a nota normalmente.

50% dos comerciantes recusam a nota

E o que fazer em caso de suspeita de nota falsa? Se você observar os elementos de segurança ou comparar a cédula com outra legítima e desconfiar que está recebendo uma nota falsa, você pode recusá-la.

Esta foi a atitude tomada pela maioria dos comerciantes entrevistados: metade deles afirmou que apenas recusou a nota, e 36% disseram ter orientado o cliente a procurar uma agência bancária ou a polícia para entregá-la.

População não tem hábito de conferir as notas

A pesquisa ouviu também a população em geral. Os resultados revelaram que, na média, os brasileiros não verificam a autenticidade das cédulas que recebem e têm pouco conhecimento sobre os itens de segurança das mesmas.

A conferência da validade das notas de R$100 é feita por 43% das pessoas, enquanto apenas 9% sempre verificam as cédulas de R$2 que recebem.

Diferentemente do resultado entre os comerciantes, a marca d’água é o item mais verificado pela população, com 72% das menções. A seguir vem a textura, com 59%, e o fio de segurança, com 46%. Aproximadamente, uma entre cada quatro pessoas afirmou desconhecer qualquer item de segurança do real.

Itens de falsificação mais conhecidos pelos comerciantes

Vale ressaltar que quem usa nota falsa sabendo que ela não é válida comete um crime, ainda que não intencional: colocar uma cédula falsa em circulação depois de tomar conhecimento de sua falsidade, mesmo que a tenha recebido de boa-fé, um crime com pena de 6 meses a 2 anos de detenção.

Maioria das compras é paga em dinheiro

Mais da metade dos pagamentos nos pontos de venda brasileiros é feita com dinheiro, segundo a mesma pesquisa do Banco Central, em especial compras de menor valor.

Em 2018, 52% das compras foram pagas com dinheiro. O cartão de crédito ficou em segundo lugar, com 31%, seguido pelo débito, com 15%. Em termos de volume, as compras em espécie representaram 50% do total.

Com tantas cédulas passando pelos caixas dos estabelecimentos comerciais a cada dia, é importante seguir os procedimentos de segurança para evitar prejuízos. Lembre-se que notas falsas não são substituídas por verdadeiras, uma vez que isto estimularia o crime.

Nota falsa: o que fazer

Ao desconfiar da autenticidade de uma nota, você deve recusá-la e recomendar à pessoa que procure uma agência bancária. Isso evita constrangimento, pois o seu cliente pode ser apenas mais uma vítima da fraude.

O cidadão que entrega uma nota suspeita de fraude à uma agência bancária irá passar pelo seguinte procedimento:

1.Ele irá informar os dados pessoais ou da empresa: nome, endereço, RG e CPF, ou CNPJ

2.
A agência irá fornecer um recibo e enviar ao Banco Central para análise

3.
O BC, por sua vez, terá 20 dias corridos para dar uma resposta

4.Se ficar comprovado que a cédula é legítima, o cidadão será ressarcido pelo banco. As notas falsas, como já dissemos, não são reembolsadas.

Se você passar por uma situação como essa, é recomendável registrar um boletim de ocorrência. Caso a cédula seja mesmo falsa, você poderá ser ouvido pela polícia na condição de testemunha do crime.

Há casos também em que as notas suspeitas são sacadas em um caixa eletrônico. Em situações como essa:

  • Deve-se entregar as cédulas ao mesmo banco, que está obrigado a trocá-las na hora por notas livres de dúvidas.

  • Não é preciso registrar boletim de ocorrência nem mostrar um extrato bancário, uma vez que os bancos têm registro dos saques efetuados.

Por mais avançadas que sejam as medidas tomadas pelos governos para evitar falsificações, nenhuma moeda está livre desse risco. Além da possibilidade de receber notas falsas, ter muito dinheiro em caixa representa um perigo constante para o lojista.

O mais seguro, ainda que não seja 100% livre de fraudes, é receber seus pagamentos no ponto de venda com uma máquina de cartão – saiba mais sobre porque receber dinheiro pode ser uma má ideia.