A promessa de uma conta digital PJ grátis chama a atenção de quem quer economizar ao máximo. Quem não adora a ideia de eliminar aquelas tarifas e taxas que consomem o faturamento suado?
Mas, na verdade, não existe serviço bancário 100% gratuito. Seja este oferecido por uma instituição financeira tradicional ou digital, ela também precisa pagar as próprias contas de alguma forma.
Assim, o que costuma acontecer é a cobrança por serviços a partir de um certo limite, a restrição do acesso a certas funcionalidades, ou mesmo a apresentação inesperada de custos ocultos.
Vamos ver a seguir que tipo de tarifas e taxas você pode encontrar em uma das chamadas contas jurídicas grátis no Brasil para você ficar preparado e decidir de antemão o que vale a pena para o seu negócio.
Transferências nacionais
Receber e enviar dinheiro é um dos principais serviços de qualquer conta jurídica. Mas isso nem sempre é gratuito, exceto nas contas digitais, já que estas não costumam cobrar pelas transferências TED ou entre contas do mesmo banco.
Nesse quesito, o importante é ficar atento ao que acontece com o Pix. Essa forma de transferência instantânea é sempre gratuita entre pessoas físicas. Mas pode ser cobrada no caso de conta digital PJ gratuita.
O PagBank, por exemplo, libera Pix PJ grátis por 30 dias para quem compra uma maquininha de cartão. Mas, após esse período, pode ser preciso pagar até 1,89% por cada venda.
Transferências internacionais
As transferências internacionais quase sempre incorrem em custos, principalmente se as moedas envolvidas forem diferentes.
Estas podem ser taxas fixas ou percentuais as quais variam muito, dependendo de diversos fatores, tais como:
- Países de envio e destino
- Se o pagamento é com cartão ou transferência da conta
- As instituições financeiras realizando o serviço
O principal custo que você deve esperar neste tipo de operação é a taxa de conversão de moeda (tarifa de câmbio). Mas a instituição financeira pode impor outros custos.
Mas é possível encontrar vantagens, como a conta digital Revolut que permite fazer transferências em moeda estrangeira sem custo desde que os envolvidos tenham conta na empresa. Mas observe que esta é uma conta pessoal e não PJ, pelo menos por enquanto.
Outra opção é o C6 Bank Global, mas esta é limitada ao dólar e euro. Um dos diferenciais são as transferências SWIFT para bancos estrangeiros, mas estas têm custo de US$/€12 por envio ou US$/€8 para recebimento. Novamente, note que esta não é uma conta jurídica.
Lembre também que pagamentos e transferências internacionais sofrem incidência de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) por determinação de decreto governamental.
Saques em dinheiro
O gerenciamento e manutenção de dinheiro em espécie é algo caro. Por isso, é bem comum ter que pagar por saques em caixas eletrônicos. E se esse serviço for realizado no exterior, com certeza, haverá uma tarifa a pagar.
Mesmo as contas digitais PJ grátis pedem para você arcar com esse custo, principalmente aquelas que não contam com caixas eletrônicos próprios. O Nubank e C6 Bank, por exemplo cobram R$6,50 por cada saque. O caixa eletrônico parceiro também pode cobrar uma taxa de conveniência.
Ou você pode ter direito a uma certa quantidade por mês ou se você atender a certos requisitos. A conta digital Mercado Pago, por exemplo, cobra R$5,90 por cada saque, mas você pode fazer dois saques via QR Code gratuitamente por mês se você fizer a portabilidade do salário.
Depósitos em dinheiro
Assim como os saques, os depósitos em dinheiro geralmente não são gratuitos – ou mesmo disponíveis – em uma conta digital jurídica gratuita, já que elas não costumam ter agências próprias.
Se o serviços estiver disponível, o titular da conta poderá depositar dinheiro em uma agência bancária parceira ou, talvez, em uma lotérica, como é o caso do Mercado Pago. Este banco digital permite que você faça até 20 depósitos grátis por mês. Após este limite, pode haver cobrança.
Uso do cartão
Geralmente, não há cobrança de mensalidade ou anuidade pelo uso do cartão PJ, seja este da conta, débito, crédito ou pré-pago. Mas o cartão pré-pago do PagBank precisa ser comprado por R$12,90. E você terá que pagar esse valor novamente se precisar fazer uma substituição.
Também é possível que haja mais de um tipo de cartão. O mais simples é sem custo e outros modelos são pagos ou restritos a certos perfis de clientes. O cartão de crédito comum do Nubank, por exemplo, não tem mensalidade. Mas o modelo Ultravioleta custa R$49 por mês.
E lembre que, seja qual for o tipo de conta jurídica, o pagamento da fatura em atraso, no crédito rotativo ou a solicitação de parcelamento da mesma sempre geram cobrança de taxas de juros e possíveis tarifas extras.
Tarifa de inatividade
Outro custo que pode estar escondido na conta digital PJ grátis é a tarifa de inatividade. Ainda que elas afirmem que você pode testar a vontade e não há nada a perder, parar de usar a conta por um longo período pode gerar uma cobrança.
O PagBank, por exemplo, não cobra mensalidade pelo uso do cartão pré-pago via de regra. Mas se este não for usado por 12 meses, será cobrada uma tarifa de R$19,90 por mês.
O mesmo acontece com a conta digital. Se esta não for movimentada por 1 ano, você terá que pagar R$25 por mês. Em ambos os casos, a cobrança da taxa é limitada ao saldo disponível da conta.
Limitação de recursos
Por fim, as contas empresariais digitais gratuitas podem criar oportunidades de cobranças ao disponibilizar um número menor de serviços do que as contas pagas do mesmo banco digital. Desta forma, você pode acabar tendo que fazer o upgrade ou tendo que pagar por serviços avulsos.
O Banco Original, por exemplo, oferece pacotes de serviços a partir de R$44,90 por mês. O Nubank cobra R$3 por emissão de boleto. O C6 Bank não cobra tarifa mensal da conta PJ, mas cobra da conta MEI – mas é possível não ter que pagar este custo atendendo a certos critérios, como gasto mensal de R$1 mil ou mais no cartão de crédito.
Afinal, a conta digital PJ grátis são pegadinha?
Depois de ler sobre todos esses custos extras, você pode estar se perguntando se as contas digitais PJ grátis são só uma enganação para atrair a clientela. Mas isso não é verdade.
Elas são contas básicas para quem tem faturamento baixo, precisa de poucos serviços, não tem conta bancária nenhuma, ou mesmo apenas de uma conta para o saldo de uma maquininha de cartão. Mas fato é que empresas de maior porte não verão muita vantagem em usá-las.