Segundo a 42a. edição da pesquisa Webshoppers, da Ebit/Nielsen, 78% do faturamento do e-commerce brasileiro acontece em marketplaces. Isso representou cerca de R$ 30 bilhões somente nos 6 primeiros meses de 2020.
Por aqui, esse mercado tem entre seus líderes o Mercado LIvre, empresa sediada na Argentina, mas que já faz parte do cotidiano brasileiro há cerca de 20 anos.
Nem mesmo a pandemia parece ter afetado a sua expansão, mas até quando o Mercado Livre conseguirá segurar seu lugar entre fortes concorrentes nacionais e frente a constante pressão criada pela Amazon?
Pandemia trouxe bons resultados
Primeiramente, é importante observar que a empresa está em uma boa situação nesse momento. Assim como é verdade para outras empresas e segmentos e-commerce, a pandemia trouxe bons resultados para o Mercado Livre.
Isso é comprovando pelos dados recém-divulgados no relatório de segundo trimestre 2020 da empresa (dados referentes a toda América Latina na comparação com o segundo trimestre de 2019):
Segundo a empresa, o Brasil representa mais da metade (53%) da sua receita líquida total. E isso representou um faturamento bruto de US$465,3 milhões (R$2,5 bilhões) – um crescimento de 87,4% considerando-se a conversão para a moeda brasileira.
Mercado Livre nasceu em universidade
Outro ponto importante a considerar é a trajetória da empresa. Assim como muitas outras empresas digitais, o Mercado Livre nasceu dentro de uma universidade. Um de seus fundadores e atual CEO, Marcos Galperin, criou o plano de negócios enquanto fazia seu MBA na Universidade Stanford em 1999.
![Centro de distribuição Mercado Livre Centro de distribuição Mercado Livre](https://b-cdn.mobiletransaction.org/wp-content/uploads/2020/09/mercado-livre-centro-de-distribuicao.webp)
Mercado Livre tem centro de distribuição no Brasil
Logo conseguiu investimento de capital e, apenas dois anos depois, firmou uma parceria com o eBay. Esta durou cinco anos e garantiu a consolidação do empreendimento, o qual foi otimizado para o comércio eletrônico via celulares e tablets. Desde 2007, a empresa está listada na NASDAQ.
Hoje, o Mercado Livre está presente em 18 países, e conta com diversas empresas que complementam as suas atividades: Mercado Envios, responsável por operações de frete e entrega; Mercado Pago, a cargo das operações de pagamento – saiba mais sobre o Mercado Pago; Mercado Livre Veículos, Imóveis e Serviços; Mercado Livre Publicidade; e a plataforma de loja virtual Mercado Shops.
Ainda assim, a empresa continua a fazer parcerias. A mais recente foi fechada com o PayPal, e permitiu oferecer esse meio de pagamento no Mercado Livre.
Mercado Livre ainda tem muitos desafios no Brasil
Apesar de sua importância no comércio eletrônico latino-americano, o Mercado Livre não domina o mercado brasileiro – ainda que esse represente mais da metade de suas operações.
B2W (Submarino, Americanas e ShopTime), Cnova (Pontofrio e Casas Bahia) e Netshoes são algumas das empresas nacionais fortes no comércio virtual, muitas destas contando também com lojas físicas – o que amplia a confiança em um país em que comprar pela internet ainda é algo novo. Alibaba e OLX também contam com boas fatias do mercado brasileiro.
Em seu favor, Mercado Livre tem procurado manter um relacionamento próximo e saudável para os seus vendedores. O custo para anunciar é zero (você paga taxa apenas pelo que vender) e o vendedor conta com toda a infraestrutura necessária para vender , negociar e entregar seus produtos.
E a Amazon?
Até o momento, o Brasil não tem a Amazon como marketplace preferido, como acontece em outros países. E a principal causa é logística. A empresa americana conta apenas com poucos centros de distribuição, a maioria destes localizada em São Paulo. Isso limita o número de produtos listados e a capacidade de atendimento da Amazon Brasil.
A capilaridade do Mercado Livre também é limitada, mas conta com diversas parcerias, sem falar nas suas décadas de experiência lidando com o turbulento e burocrático mercado latino-americano. Seus principais concorrentes também contam com operações bem melhor preparadas.
![Equipe Amazon Brasil Equipe Amazon Brasil em formação da logo da empresa](https://b-cdn.mobiletransaction.org/wp-content/uploads/2020/09/amazon-brasil-equipe.webp)
Amazon quer concorrer com Mercado Livre no Brasil
Ciente disso, a Amazon vem tentando se firmar segmentos que o Mercado Livre não domina, como a venda de livros e e-books. Têm apostado também na venda de produtos ligados à sua assistente virtual Alexa e nos seus serviços de streaming, Prime Video.
Mas, isso não significa que a Amazon Brasil deixou seus planos de crescimento de lado. Apenas alguns dias trás, em 3 de setembro, a empresa anunciou a abertura de mais um centro de distribuição. Este será o maior dentro os cinco agora existentes , com mais de 100 mil metros quadrados.
Mercado Livre promete investir pesado no Brasil
Diante de tantos desafios, Mercado Livre não tem outra alternativa a não ser continuar investindo para se manter entre os líderes. Segundo a empresa, um plano de investimento de R$4 bilhões deve ser implantado no Brasil até o final de 2020.
Parte dele tornou-se realidade em junho, com a abertura do primeiro centro de distribuição fora de São Paulo, desta vez no estado da Bahia. Este terá 35 mil metros quadrados e capacidade de atender até 100 mil clientes por dia.
A novidade foi lançada juntamente com um programa social, que está treinando 120 jovens de comunidades carentes para uma possível oferta de emprego no centro.