O ano de 2020 foi severamente impactado pela pandemia em diversos aspectos, inclusive o econômico. E com o mercado de criptomoedas não foi diferente, trazendo quedas impactantes nas cotações por um breve período, mas recompensando aqueles que não se assustaram e mantiveram seus investimentos em moedas digitais.

Os mercados mais tradicionais, como ações, fundos imobiliários e commodities sendo os mais afetados, sofreram quedas significativas em meados de março de 2020, afirma o estudo da Universidade de Brasília (UnB). O mercado de moedas digitais também acompanhou as baixas desse período, porém, em outubro já estava dando início a um rali de máximas recordes.

Criptomoedas valorizaram durante a pandemia

Apesar de a pandemia ter aumentado o valor absoluto do bitcoin e das criptomoedas em geral, o volume de negociação no Brasil em 2020 acabou ficando no mesmo nível que em 2019, mostra o estudo do Cointrader Monitor.

A pesquisa mostra o volume de bitcoins negociados através das exchanges mais utilizadas no Brasil, apresentando resultados extraídos diretamente de seus respectivos canais de informação (API). Ele toma como período de observação de 01/01/2020 a 31/12/2020.

Maio

Pico na negociação de criptomoedas em 2019 e 2020

420%↑

Valorização do bitcoin ao longos dos 12 meses de 2020

Fonte: Cointrader Monitor

No ano de 2020, o volume de negociação teve sua maior atividade no primeiro semestre, atingindo o pico em maio. Em 2019, o pico também ocorreu em maio, permanecendo no topo por mais tempo e voltando à média em setembro.

Não é sabido porque o mês de maio é o que possui mais atividade neste mercado. Porém, há uma correlação direta entre as oscilações nos preços das criptomoedas e seus volumes de negociação, o que corrobora com o volume de maio ter sido o maior nos dois anos.

Ao todo, foram negociadas 351.204,65 bitcoins de 01/01/2020 a 31/12/2020, valor 5% menor em relação ao ano anterior, o qual totalizou 369.357,54 moedas negociadas. O estudo mostra que as criptomoedas já eram ativos procurados por brasileiros mesmo antes da pandemia.

351 milhões

Volume de bitcoins negociados em 2020

369 milhões

Volume de bitcoins negociados em 2019

Fonte: Cointrader Monitor

Porém, o bitcoin valorizou 420% ao longo dos 12 meses. Considerando o valor do bitcoin no final de 2019 e no final de 2020, podemos ver que o valor total em reais negociado foi 70% maior no ano seguinte, resultado do aumento do preço médio do ativo ao longo do ano, segundo dados do estudo feito pelo Cointrader Monitor.

A conclusão que temos é que o mercado de criptomoedas, especialmente o bitcoin, cresceu durante a pandemia no Brasil. Mesmo o volume de negociações permanecendo estável, o montante total movimentado foi significantemente maior, o que mostra que os brasileiros estavam otimistas diante do investimento em moedas digitais.

Bitcoin tem semana crítica

Antes de a pandemia ser reconhecida mundialmente, o que ocorreu em meados de março de 2020, o mercado global de criptomoedas estava posicionado perto de suas máximas históricas. Isso demonstrava que os investidores estavam bastante otimistas em relação aos investimentos em criptoativos, um comportamento comum em cenários de alta.

Quando a crise se alastrou, a pressão vendedora em todo o mundo, causada pelo resgate em massa dos investimentos, fez com que as criptomoedas sofressem quedas históricas.

40%↓

Queda do bitcoin entre 5 e 13/03/2020

11/05/2020

“Halving”, geração de bitcoin reduzida pela metade

Fonte: Tradingview

O bitcoin, a primeira criptomoeda e a líder do setor, caiu 40% em um período de uma semana, do dias 5/03/2020 a 12/03/2020, segundo dados da Tradingview. Esta semana foi marcada pelo anúncio e reconhecimento do coronavírus pelas autoridades internacionais como crise sanitária mundial, o que explica a queda histórica.

Porém, poucos meses depois, as criptomoedas tiveram seu destaque, se recuperando totalmente da queda em maio e atingindo novos recordes em outubro.

A recuperação aos patamares pré-pandêmicos em maio foi causada pela proximidade ao evento chamado “halving”, ocorrido em 11/05/2020, em que a geração de novos bitcoins foi reduzida pela metade.

Já a cotação recorde em outubro é explicada pela aversão dos investidores a uma possível hiperinflação. Isso foi causado pelos pronunciamentos das principais economias do mundo sobre auxílios emergenciais e impressões monetárias em larga escala.

Criptomoedas continuam fortes em 2021

De acordo com a pesquisa mais recente feita pelo Cointrader Monitor, o mercado brasileiro de criptomoedas não mostra nenhum sinal de desaceleração.

O mês de maio de 2021 foi marcado por um novo recorde de negociação no dia 19, com incríveis 6.159,35 bitcoins negociados, totalizando 1,2 bilhões de reais. Esse número, alcançado em apenas um dia, equivale a quase 25% do valor negociado em todo o ano de 2020.

Se analisarmos apenas o volume do mês de maio, observamos que houve um aumento de 15,4% em relação ao mesmo mês em 2019 e 21,62% maior do que maio de 2020. Mas, novamente, se incluirmos o valor negociado em reais da moeda digital na comparação, veremos um aumento estrondoso de 445% em relação a maio de 2020.

R$ 1,2 bi

Volume de bitcoins negociados em 19/05/2021

21,62%↑

volume de bitcoin negociado em relação a maio 2020

Fonte: Cointrader Monitor

O resultado fica ainda mais interessante quando comparamos os  dados do primeiro de trimestre de cada ano. Em 2021, o período de 01/01 a 31/03 contou com um total de 112.665 bitcoins e R$27bi negociados, uma evolução espantosa de 716% quando comparado com o primeiro trimestre de 2020.

Os estudos mostram que o mercado de criptomoedas não só se alavancou no começo da pandemia, mas também vem se valorizando até o momento. Os investidores estão utilizando as criptomoedas como proteção contra o possível aumento da inflação.

Assim, mesmo com a alta volatilidade característica do setor de moedas digitais, este mercado tende a crescer e se valorizar ainda mais no longo prazo. O mundo está cada vez mais digitalizado e as moedas fiduciárias fundamentais da economia, como dólar e euro, estão sendo corroídas pela inflação. Isto se enquadra como um cenário perfeito para a valorização de investimentos deflacionários, como o bitcoin e outros criptoativos escassos.