As maquininhas de cartão disponíveis no Brasil têm mudado bastante nos últimos 10 anos. Se antes só haviam os modelos tradicionais, pretos e com impressora de recibo, hoje é possível encontrar aparelhos dos mais diversos tipos, tamanhos, cores e funcionalidades.
As empresas fornecedoras também mudaram bastante. Se antes apenas Cielo, Rede e Getnet ocupavam os balcões das lojas, outras marcas ganharam destaque e cairam na preferência dos vendedores, especialmente entre os micro e pequenos negociantes que antes não contavam com essa solução de pagamento.
Aqui no MobileTransaction acompanhamos esta evolução de perto, não só no Brasil mas também globalmente. Mas foi por aqui que notamos um mercado tão aquecido que acabou ganhando o nome de guerra das maquininhas. Só que, como era de esperar nem todos os modelos ou marcas sobreviveram os anos de supervendas.
Atualmente, notamos um amadurecimento do setor de maquininhas de cartão brasileiro, sendo assim um ótimo momento para analisarmos as mudanças ocorridas, os possíveis motivos das entradas e saídas, bem como ressaltar quem continua mantendo-se na disputa por clientes.
Empresas alternativas passaram por diversas mudanças
O chamado mercado alternativo de máquinas de cartão, aquele que permitia a compra (em vez do aluguel), cresceu no Brail sob a tutela de marcas de diversos países. Estamos falando da brasileira PagSeguro (hoje PagBank), da sueca Zettle by PayPal (antiga iZettle), da alemã SumUp e do argentino Mercado Pago.
Destas, apenas a Zettle saiu do Brasil por completo em abril de 2023, apesar de ter tido presença marcante como o seu azul Zettle Lite (sem chip), Pro (com chip) e, depois, com o diferenciado Maquinão (com chip). Esta empresa chegou ao Brasil em 2013 por meio de uma parceria com o banco Santander e ainda tem força na Europa, mas acabou descontinuando a sua linha brasileira.
Imagem: © Mobile Transaction
Maquinão Zettle tinha design diferenciado e tecnologia de ponta
Já as outras continuam firmes, ainda que tenham passado por várias adaptações e mudanças. A SumUp desembarcou também em 2013, mas já deixou de lado a prateada SumUp Chip (para celular) e também os modeos móveis Super e On.
Hoje, a empresa aposta em diversos diferenciais, bem como modelos com tecnologia e visual diferenciado. Ela também passou por uma fusão com a Payleven em 2016, a qual contava com os modelos Lite (sem chip) e Mais (com chip).
Já o Mercado Pago é a empresa que tem mais tem mantido o portfólio inalterado. Ele disponibiliza praticamente os mesmos modelos, apenas tendo adicionado outros com mais funcionalidades. A mudança mais significativa foi a retirada da Point Mini, a qual foi recentemente substituída pela Point Air. E ela também mudou a cor das maquininhas de preto para azul.
Mas foi o PagSeguro PagBank que mais balançou e continua a balançar, o segmento de maquininhas compradas desde 2013. Sempre com um portfólio amplo, a empresa tem testado diversos modelos para observar quais deles cai no gosto dos pequenos empreendedores.
Imagem: © Mobile Transaction
Mesmo a Moderninha X acabou deixando de ser vendida
O investimento em modelos de melhor qualidade deve ter sido motivo da saída de aparelhos como o PagSeguro Crédito (o qual funcionava pela entrada de áudio do celular) e também dos leitores Mini e Mobi Pin 10.
A linha Moderninha também deixou para trás as versões Wi-Fi, X e Profit. E mesmo o inovativo modelo híbrido PagPhone, que executava as funções de uma máquina de cartão e de um celular, também saiu de linha.
Isso sem falar nas novas versões dos modelos ainda disponiveis. As Minizinhas estão nas suas terceiras versões e as Moderninhas estão na segunda geração. Tudo isso demonstra que os vendedores estão em busca de soluções refinadas e que acompanhem as novidades e exigências de sues clientes, como os causados pela revolução de pagamentos Pix e QR Code.
Gigantes também tiveram que se adaptar
As gigantes do mercado também tiveram que repensar as suas linhas de máquinas de cartão ao longo dos anos. Cielo, Rede, Stone e Getnet trocaram de foco e adaptaram as suas ofertas aos novos tempos.
A mudança que nós mais esperávamos não demorou muito a chegar: as empresas tradicionais passaram a oferecer maquininhas sem taxa de aluguel. Cielo e Rede foram as primeiras a abraçar a novidade, lançando modelos Bluetooth (Cielo Mobile e Mobile Rede). Depois, vieram os modelos móveis, como a Cielo Mini Zip e até máquinas inteligentes como a Cielo Lio e Smart Rede.
Cielo e Rede também ja´tiveram suas maquininhas em chip (Mobile)
Em seguida, foi a vez do lançamento das linhas populares focadas em micro e pequenos empreendedores. Stelo (Cielo), SuperGet (Getnet) e Pop Credicard (Rede) também tiveram o seu tempo para brilhar no mercado, até serem descontinuadas.
Mas esse novo perfil de negócios não durou muito. Hoje, Rede e Getnet deixaram de oferecer modelos comprados online por completo, voltando ao modelo taxa de aluguel. E Cielo agora limita essa opção compra a apenas três modelos – as antigas Mini Zip (sem chip), Lio Mais (máquina + celular) também saíram de linha.
É difícil afirmar o motivo da limitação ou fim da opção compra em vez de aluguel entre as gigantes. Mas podemos especular que esta não estava trazendo o retorno esperado, seja em faturamento ou pela entrada de clientes com faturamento abaixo do desejado para a manutenção de serviços de grande porte.
Imagem: © Mobile Transaction
Getnet dexou de lado a linha SuperGet
A única que ainda segue com a mudança é a Stone, que continua mantendo a sua linha popular Ton. Mas esta também passou por uma grande tansformação, já que antes era conhecida como Stone Mais. A cor das maquininhas também mudou de preta para verde, alinhada com o visual da Stone.
Outros nomes de peso marcaram presença
Mas não foram só essas empresas que acabaram retirando modelos de maquininhas de cartão do mercado. Outros nomes de peso também decidiram entrar na briga, mas precisaram fazer mudanças grandes e fazer substituições ou descontinuações. Até mesmo a Caixa começou oferecendo a maquininha Faz Crescer, a qual foi substituída por um novo modelo Caixa Pagamentos recentemente.
A fabricante Bin, por exemplo, ofereceu um leitor de cartão pequeno, parecido com o pinpad de um laptop. O Bin Mobile tinha como diferencial o seu material ultra resistente, capaz de suportar quedas de um pouco mais de 1 metro de altura – ótimo para um aparelho que passa boa parte do tempo das mãos para o bolso. Mas este deixou de ser vendido em 2018.
Corianthians apostou em maquininha Fielzinha
A maquininha Passaí foi uma opção popular das lojas do Assaí Atacadista. Ela oferecida em dois modelos (móvel e tradicional), com todo o processo acontecendo de forma presencial – o que pode ter sido uma inconveniência para quem morava longe das lojas da empresa. O site existia apenas como portal de acesso para quem já havia contratado a maquininha. Ela foi descontinuada em 2021.
A Moip, que acabou sendo adquirida pela gigante Wirecard, hoje oferece uma solução integrada, unindo opções para lojas físicas, e-commerce, autônomos e marketplaces. Mas ela já ofereceu uma maquininha móvel bem básica. Outra aposta do setor foi a maquininha do abanco digital Bancryp, que recebia pagamentos por bitcoin, mas ela acabou saindo do mercado.
Muitos grupos e associações acreditram na possibilidade de oferecer uma máquina de cartão aos seus membros. Uma delas foi a Gympass Plus, uma máquina de cartão tradicional com impressora de recibo disponibilizada apenas aos donos de academia afiliadas Gympass.
Modelos híbridos, como o PagPhone, também foram descontinuados
Times de futebol também apostaram na tendência, com o Botafogo adotando o leitor de cartão para celular da Moviu e o Corinthians investindo em uma parceria com a Innova Capture para oferecer máquinas com e sem fio.
Em ambos os casos, os aparelhos eram personalizados com as cores e marca do time e ofereciam aos torcedores uma forma de contribuir financeiramente com o time do coração.
Novidades entraram e sumariam do mercado
O mais interesse foi observar o número imenso de marcas de máquinas de cartão que começaram a aparecer. Com uma frequência quase mensal, descobríamos em nossas pesquisas que um novo modelo de maquininha de cartão estava disponível.
Alguns nomes que chegaram a ser mencionados em nossos artigos constam da tabela que você vê abaixo. Mas não demorou muito para elas desaparecerem do mercado.
Ainda que elas contassem com diferenciais e buscassem oferecer boa qualidade técnica e suporte aos clientes, a concorrência acirrada pode ter sido um fator decisivo para a saída delas do mercado. Concorrer com gigantes como PagSeguro e Mercado Pago e também com Cielo e Rede exige recursos altos e de todos os tipos.
Além disso, em muitos casos, a cobrança de taxa de aluguel, a exigência de documentação, a análise de crédito e o número limitado de bandeiras são outros fatores que podem ter afastado parte dos vendedores interessados em uma máquina de cartão.
Marca | Modelos | Aquisição | Destaque |
---|---|---|---|
DumbaPay | Leitor de cartão e tradicional | Compra | Taxas variáveis |
DirectPay | Ligadinha (sem chip), Directinha (móvel) e DirectPay Plus (tradicional) | Compra | Antecipação de recebíveis |
Fit (Federal Invest) | Tradicional | Aluguel | Apenas PJ, análise de crédito |
FlexPag | Ligeirinha (leitor de crédito e débito) e leitor de apenas crédito | Compra | Apenas modelos para celular |
LaPag | Tradicional | Compra | Para barbearias, salões e estúdios de tatuagem, com sistema de gestão |
Mobi | Móvel | Compra | Cartão de débito internacional VISA |
PagPop | Poderosinha (leitor), Laranjinha GPRS e Laranjinha Wi-Fi | Compra | Saldo em dias especificos, apresentação de documentação |
PDVend Pay | Wifi e Wi-Fi/3G Smart (sistema Android) | Compra | Sistema PDV, NFC-e, apenas PJ |
Pagcom | Tradicional, móvel, fixa, TEF | Compra | Customizáveis, frente de caixa, taxas variáveis |
Pago | Móvel, tradicional e TEF | Compra | Ponto de venda virtual, divisão de vendas (Split) |
Oruspay | Gracinha (leitor), Pro (tradicional), Standard (móvel) | Compra | Parceria Felithi: reversão em produtos do valor pago pela máquina e 1% de cada real vendido |
Recebee | bee MP5 (leitor de cartão) e bee S920 (tradicional) | Compra | Dois planos de taxas |
SmartMEI | Leitor de cartão (sem chip) | Aluguel | Foco em MEI |
StarPay | Leitor de cartão (sem chip) | Aluguel | Solicitação pelo suporte ou representante, exigênca de documentação, assinatura de adesão |
TrustPay | Slim e Ultra (ambas com chip) | Compra | Plano Crédito em Dobro: o valor das vendas é dobrado e transformado em limite de crédito |
Yapay | Modelo smart (sistema Android) | Aluguel | Taxas variáveis |