Legislação exige inclusão
Segundo a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (lei n° 13146) define que deve haver:
“Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida”
O detalhe aqui fica no acesso à informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias. Neste cenário, espera-se incluir os meios de pagamento, como as maquininhas de cartão.
Máquina de cartão certificada pela ONCB narra a venda do começo ao fim
A relevância disso não pode ser minimizada. Segundo o Censo 2010, a deficiência visual está presente em 3,4% da população brasileira, uma porcentagem considerável.
Pesquisa realizada por Zen, Medeiros e Senhorinha para o Centro Universitário Unisociesc, chegou a conclusões importantes, por exemplo:
“Foi possível constatar, por meio da entrevista, que as pessoas com deficiência visual enfrentam diversos problemas na utilização dos terminais de pagamento atuais, entre eles a impossibilidade de saber o valor das compras feitas ou da modalidade de pagamento escolhida, devido ao fato de que na maioria das máquinas de cartão só é possível ter conhecimento dessas informações por meios visuais. Outro exemplo de obstáculo encontrado, dessa vez por pessoas com baixa visão, foi o tamanho da fonte dessas máquinas e a falta de recursos de zoom nesses dispositivos.”
ONCB certificou tecnologia para máquina de cartão
A Organização Nacional de Cegos do Brasil divulgou no ano passado uma máquina de cartão com tecnologia que garantiu o Selo ONCB de Inclusão e Acessibilidade.
Esta tem teclado físico e touch, alto-falante e saídas de fone de ouvido, o que facilita a compreensão dos dados de pagamento ao narrar toda a transação. O equipamento apresentado durante a Realtech 2022 foi produzido pela Perto S.A.
O que pode ajudar
São diversos os desafios enfrentados por quem tem a visão parcialmente ou totalmente comprometida na hora de fazer ou receber um pagamento. Mas, para muitas delas, há uma solução possível.
Por exemplo, a adição de um relevo ou outra marcação tátil ao cartão de plástico pode ajudar o cliente a identificar qual está usando e guiá-lo na hora de inserir o mesmo na maquininha de cartão.
Imagem: © Mobile Transaction
Minizinha X vem com película de acessibilidade
Telas touch que usam tecnologia PIN on glass podem ser usadas com o auxílio de uma película de acessibilidade, facilitando a digitação dos dados. Este é o caso, por exemplo, da Moderninha X do PagSeguro que vem com o acessório de fábrica.
Para quem tem alguma visão, as soluções podem ser bem simples. Por exemplo, otimizando o contraste e cores usadas para apresentar as informações da tela do aparelho – como é o caso do modelo Axium DX8000 da WorldPay. Outra opção seri a possibilidade de aplicar o zoom na tela.
Por fim, o uso de tecnologias que permitam a validação do pagamento por áudio ou reconhecimento facial também pode facilitar e muito o processo, bem como a oferta de um recibo em braile. Outra questão a considerar é a acessibilidade do atendimento ao cliente, já que o empreendedor pode precisar de ajuda.
Há opções mais acessíveis
Como nem todas as maquininhas de cartão estão prontas para atender às necessidades dos portadores de deficiências visuais, é importante oferecer opções mais acessíveis. Por exemplo:
Dinheiro:
A capacidade de diferenciar entre notas diferentes por tamanho e marcações táteis é uma vantagem para alguns. Mas pode ser difícil obter o dinheiro em si se o caixa eletrônico não for acessível e muitos lojistas estão evitando pagamentos em dinheiro.
Pagamento por aproximação (NFC):
Os pagamentos sem contato são rápidos e convenientes, eliminando a necessidade de inserir o cartão e digitar a senha. Mas há limites no valor que pode ser pago por meio desse tipo transação por aproximação.
Pagamento por celular (Apple Pay, Google Pay, Pix):
Usar o próprio celular para fazer o pagamento oferece a possibilidade de adaptar o mesmo para apresentar fontes maiores, melhor contrastes de cores e tecnologia de leitura em áudio da tela. E este tipo de solução já aparece como uma ameaça às máquinas de cartão. A desvantagem aqui é quem nem todos terão smartphones compatíveis com essas soluções.