Os investimentos das contas digitais têm sido uma alternativa considerada por muitos pequenos empreendedores que querem esticar o faturamento. Afinal, pode parecer mais fácil e prático aplicar o faturamento do que aguardar por um possível aumento nas vendas.
E a menor burocracia e amplo acesso das contas digitais fazem com que muitos acreditem que é bastante simples investir em CDB, fundos de investimentos e até mesmo em ações da Bolsa de Valores.
Mas será que isso é mesmo verdade? O que o micro e pequeno empreendedor deve levar em consideração antes de começar a fazer investimentos via conta digital?
Importante: não somos especialistas financeiros e, sim, especialistas de negócios. Use as dicas abaixo como ponto de partida e busque um profissional da área de investimentos para obter um aconselhamento ajustado ao seu caso.
A maioria das opções é para conta pessoal
A primeira coisa que você vai notar ao pesquisar os investimentos das contas digitais é que eles costumam ser associados à uma conta pessoal e não à uma conta jurídica. E, na verdade, muitos desses bancos digitais nem sequer oferece conta PJ.
Isso significa dizer que o que vai ser levado em consideração é o seu cadastro pessoal e não empresarial. E que os possíveis impostos que você irá pagar sobre os rendimentos serão vistos como pessoa física e não jurídica.
Por isso, converse com o seu contador para saber quais as consequências de investir o dinheiro da empresa por meio de uma conta pessoal e como ficar a conciliação de custos e pagamento de impostos. Fazer isso pode evitar complicações futuras, inclusive com a Receita Federal.
Ou faça investimentos apenas por meio de uma conta digital empresarial. Neste caso, observe apenas se há alguma limitação. A conta PJ do C6 Bank, por exemplo, só oferece apenas investimentos em Renda Fixa e CDB Cartão de Crédito.
Não há pré-requisito para investimentos em conta digital
A boa notícia é que não há pré-requisito para fazer investimentos em uma conta digital, além da óbvia necessidade de ter uma conta aberta e ativa na instituição financeira em questão. Fora isso, é só buscar pelo serviço no menu do aplicativo e seguir o passo a passo para começar a aplicar o saldo disponível.
Pense na saúde financeira de sua empresa
Em segundo lugar, você vai precisar analisar se tem mesmo dinheiro disponível para investir. E isso vale para investimentos em contas digitais, mas também em bancos tradicionais. Lembre que o valor que você investe fica parado durante um tempo determinado.
Sim, você pode solicitar a liberação dos fundos antecipadamente, mas ao fazer isso você irá, provavelmente, perder todo ou parte do rendimento. Assim, é bom fazer as contas e analisar a saúde financeira da empresa antes de começar a investir. E não estamos falando apenas do valor da aplicação em si. Considere, por exemplo:
- O saldo do seu fluxo de caixa está baixo?
- Você tem dívidas pendentes?
- Este é um mês de poucas vendas?
- O seu setor está passando por um período de crise?
Se algumas dessas questões for verdade em seu negócio, esta pode não ser a melhor hora de deixar dinheiro preso em uma conta de investimento.
Ma se quiser aproveitar a oportunidade para testar o serviço, pense em escolher um investimento com aplicação mínima bem modesta, como o CDI PagBank a partir de R$1; o CDB C6 Bank Pós-fixado Liquidez diária a partir de de R$20; ou o Tesouro Direto Nubank a partir de R$30.
Investigue os custos operacionais dos investimentos das contas digitais
Se você já é cliente das contas digitais, pode estar acostumado com o fato de ter serviços de banco de graça, ainda que muitas contas digitais PJ têm custos escondidos.
E isso também não é necessariamente verdade quando se fala em investimentos, os quais podem ter custos operacionais embutidos. Considere ainda que, mesmo que o banco digital decida não cobrar nada, pode ser que haja uma empresa intermediária ou agência governamental que aplique tarifas ou taxas durante o processo.
Por exemplo, um dos custos que você pode ter que lidar são os impostos. O Imposto de Renda (IR) ou Imposto sobre Serviços (ISS) pode ser cobrado em cima do valor do rendimento, por exemplo. E o custo deles é bem alto, podendo chegar a mais de 20%.
Além dos impostos, você pode encontrar outros custos associados ao seu investimento em conta digital:
- Custos operacionais da conta digital, como custódia própria (serviço de guarda e manutenção dos valores) ou taxa administrativa.
- Tarifas diferentes para investimentos realizados com e sem a ajuda humana.
- Taxas de corretagem e performance associadas a aplicações na Bolsa de Valores ou Fundos de Investimentos.
Assim, busque saber em detalhes quais os custos que terá que pagar antes, durante e após a retirada do rendimento para saber se o investimento vale mesmo a pena. Muitas contas digitais, como a XP Empresas, conta com simuladores que ajudam você a fazer a comparação.
Considere o risco de investir
Outra sugestão altamente recomendada é fazer os chamados testes de “perfil do investidor” antes de começar a investir. Estes ajudam a identificar, principalmente, com qual o nível de risco você pode lidar antes de começar a fazer um investimento. E isso tem a ver tanto com a saúde financeira quanto a psicológica.
Mesmo investimentos comuns, como a renda fixa, têm risco e podem sofrer flutuações. Desta forma, é essencial que você esteja bem certo de que pode até mesmo perder todo o valor investido da noite para o dia sem maiores consequências para si mesmo ou o seu negócio.
O site do NuInvest (Nubank), por exemplo, oferece um questionário voltado para a identificação desse perfil de investidos. Já o site do PagBank oferece guias específicos para cada nível: iniciante, conservador, moderado e experiente.
Entenda o vocabulário dos investimentos das contas digitais
Por fim, mesmo antes de contratar um especialista em investimentos para ajudar você, é uma boa ideia se familiarizar com o vocabulário do setor. Desta forma, você vai entender melhor o que está sendo oferecido ou sugerido.
Há diversas palavras que você pode jamais ter ouvido, por isso é importante parar para ler tudo com calma com a ajuda de um dicionário ou de alguém de confiança que tenha experiência em investimentos. Por exemplo, descubra a diferença entre renda fixa ou variável, bem como a definição de Tesouro Direto, fundos de investimentos, ações, CDB, debêntures, entre outros.
Mas não precisa tentar aprender tudo de uma vez ou pode acabar confuso. Isso acaba confundindo. De posse do seu perfil de investidor, aprenda o que for possível sobre os investimentos indicados para a sua categoria e valor de aplicação disponível. Isto já é o suficiente para começar.