Além dos pagamentos em dinheiro e cartão, as transferências bancárias têm sido uma das principais formas de pagamento no Brasil.
Elas apresentam-se em diversos formatos, começando pelos conhecidos TED e DOCs. E um modelo mais prático é o débito online usado pelas lojas virtuais e outras plataformas e-commerce.
Mas a ascensão do Pix aparece como uma ameaça a este tipo de transação financeira. Em dezembro de 2022, por exemplo, o Banco Central informava mais de 140 milhões de usuários com contas Pix cadastradas no Brasil.
Por isso, vamos ver a seguir o que é o débito online exatamente e como ele se compara ao Pix e outras formas de transação bancária para saber quem vence essa batalha.
Débito online é um tipo de transferência bancária
Você já deve saber que o débito online é um tipo de transferência bancária. O montante sai de sua conta bancária e passa para a conta bancária do beneficiário que você autorizou.
A diferença entre o débito online e outros tipos de transferência bancária é o fato dela ocorrer de forma indireta, por meio de um meio de pagamento online terceirizado.
Para fazer um TEDs e DOC, você precisa fazer login no seu internet banking ou app do seu banco, identificar a opção relacionada a transferências e inserir os dados da conta do beneficiário: número da agência bancária, número da conta corrente ou poupança, e CPF ou CNPJ.
Débito Online | Pix | TED | DOC | Débito automático |
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Via checkout de e-commerce | Via chave ou QR Code de app, internet banking ou e-commerce | Via dados da conta no app do banco ou internet banking |
Também é possível fazer esse tipo de transação direto na agência bancária (se o banco for físico) ou em alguns caixas eletrônicos. E costuma ser possível salvar os dados do beneficiário caso você tenha a intenção de fazer outros TEDs ou Docs para a mesma pessoa ou empresa no futuro.
Caso o valor seja sempre o mesmo e os intervalos entre pagamentos sejam regulares (todos os meses, no mesmo dia 3, por exemplo), você pode criar um débito automático. Assim, você não precisa repetir os passos acima manualmente e o beneficiário recebe o valor sem problemas.
Débito Online | Pix | TED | DOC | Débito automático |
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Comprador informa dados bancários para meio de pagamento a cada vez | Comprador informa chave ou escanea QR Code a cada vez ou apenas uma vez | Comprador e vendedor trocam dados bancários entre si a cada vez | Comprador e vendedor trocam dados bancários apenas uma vez |
Já o débito online é realizado por meio do checkout de uma loja virtual ou outra plataforma e-commerce, como uma rede social. Na hora de fazer o pagamento por um produto ou serviço, você seleciona essa opção, insere os dados da sua conta bancária e passa pelo processo de verificação para autorizar o pagamento.
Assim, você não precisa ter um cartão de crédito ou débito, nem passar pela aprovação de uma das operadoras, como Visa ou Mastercard. Você também não precisa saber os dados da conta bancária do beneficiário.
Débito online | Pix |
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Precisa digitar dados bancários | Não precisa digitar dados bancários, |
Precisa que o banco seja parceiro | Não precisa que o banco seja parceiro |
Compensação variável | Compensação imediata |
Regras definidas pelo meio de pagamento e pelo banco | Regras definidas pelo Banco Central |
Por outro lado, é preciso que o seu banco esteja na lista de bancos parceiros da loja virtual. Se ele não aparecer no checkout, você terá que escolher outra opção.
Enquanto isso, o Pix (saiba o que esperar) também é uma transferência bancária. Mas ela garante não ser preciso revelar os dados da conta de nenhuma das partes.
Por meio da criação de uma chave, as suas informações bancárias e as do beneficiário são mantidas em sigilo. O pagamento acontece por meio da digitação dessa chave ou pelo escaneamento de um QR Code.
Prazos de transferência diferem
Assim como as formas de pagamento, os prazos de transferência diferem bastante entre essas formas de transferências bancárias.
A forma mais rápida é o Pix, que pode ser liberado acontecer de forma quase instantânea. O TED vem em seguida, podendo ser liberado no mesmo dia a depender do horário em que a transação seja feita.
Prazo de compensação | ||||
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Débito Online | Pix | TED | DOC | Débito automático |
Variável | Imediata | No mesmo dia ou dia seguinte | Dia seguinte | No dia para comprador e dia seguinte para vendedor |
O DOC leva 24h para ser compensado, o que ainda é um tempo aceitável, mas bem mais longo. O débito automático, por ser pré-agendado, também costuma levar mais ou menos o mesmo prazo para aparecer na conta do beneficiário.
Por outro lado, o débito online, por ser uma transação de compra e venda pela internet, segue as regras do meio de pagamento usado para checkout. O checkout PagSeguro, por exemplo, tem duas opções de liberação do saldo: 14 ou 30 dias.
Isso acontece do lado do vendedor. Do lado do comprador, o dinheiro pode ou não sair da conta de imediato. Depende de como o banco deste processa a transação.
É sem custo para o cliente
Diferente do TED ou DOC, o débito online não é cobrado pelo banco do cliente. O mesmo acontece com o débito automático.
Já os dois primeiros costumam ser cobrados de avulsa, podendo passar dos R$10 cada a depender do banco. Muitos bancos oferecem uma quantidade de TEDs e DOCs incluídos no custo do pacote mensal de serviços.
Prazo de compensação | ||||
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Débito Online | Pix | TED | DOC | Débito automático |
Grátis para o cliente; vendedor paga comissão | Grátis para o cliente; vendedor paga comissão | Cobrança avulsa ou pacote de serviços | Dia seguinte | Grátis para cliente e vendedor |
Bancos digitais costumam oferecer esses serviços sem a necessidade de pagamento, mas com certas limitações. E a chegada do open banking vai facilitar a escolha dos clientes por quem oferece o custo mais baixo com qualidade garantida.
Por outro lado, o vendedor paga uma comissão pelo uso do débito online. Esta porcentagem varia de acordo com o serviço de checkout contratado, podendo chegar a 5%. O vendedor também paga pelo Pix, ainda que algumas contas digitais e físicas não façam a cobrança ou incluam uma quantidade mensal gratuita.
Pix vai acabar com o débito online?
Já é possível encontrar checkouts em lojas virtuais e e-commerce com a opção de pagar com Pix, além do débito online.
E o Pix é um processo bem mais simplificado e mais seguro. Em alguns casos, você pode escanear um QR Code para verificar a transação. Isso elimina a necessidade de digitar a chave.
Por outro lado, o débito online exige que você insira manualmente os seus dados bancários. Além do trabalho em si, há sempre o risco desses dados vazarem.
Imagem: © Mobile Transaction
Débito online estava indisponível no checkout PagSeguro
Assim, é fácil perceber que o débito online não parece ser algo que vá continuar existir com a expansão do Pix. Se todos os checkout passarem a oferecer essa opção, os brasileiros com chaves de Pix cadastradas devem preferir essa opção.
A migração já está acontecendo. por exemplo, durante a redação deste artigo, tentamos comprar uma maquininha de cartão no site do PagSeguro. No checkout, há as duas opções, Pix e débito online, mas a segunda estava indisponível. O motivo pode ser outro, mas é claro é o Pix ganhou o seu espaço de prioridade.
O mesmo acontece com as outras formas de transferências bancárias. O custo zero ou mínimo e o anúncio do fim dos limites de transação devem fortalecer ainda mais o Pix.