Se antes o mercado de máquinas de cartão era elitista, hoje é muito diferente. Grandes empresas como Cielo, Rede e Getnet competem pelo interesse de micro e pequenos empreendedores, brigando contra o forte avanço do PagSeguro, Stelo e Mercado Pago, entre outras.

Mas, como resolver a questão da falta de conta bancária? De acordo com dados do Banco Central, apenas 19% dos microeempreendedores individuais brasileiros possuem uma conta bancária. É por conta dessa questão que a oferta de cartões pré-pagos agregada à venda ou aluguel de máquinas de cartão parece ter se tornado a solução mais adequada.

Brasil conta com 5,1 milhões de máquinas de cartão

Atualmente, existem 5,1 milhões de máquinas de cartão em uso no Brasil. E, somente em 2017, elas geraram R$1,36 trilhão em compras com cartão.

Destes, R$842,6 bilhões foram via cartão de crédito; R$508 bihões via cartão de débito, e R$6,6 bilhões via cartão pré-pago, segundo balanço da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).

Estes dados representam um crescimento de geral de 12,6% no uso de cartões para pagamentos em territórios nacional.

E colocam o Brasil em um ponto similar ao de países como Suécia e França em número de máquinas de cartão por habitante.

Ainda que não discutida nessa pesquisa, a crescente facilidade na aquisição de máquinas de cartão pode ser uma das causas desse avanço.

19%

Porcentagem de microempreendedores individuais com conta bancária

R$6,6 bi

Volume de vendas realizadas com cartão pré-pago

Hoje, é possível receber pagamentos mesmo sem conta bancária com este tipo de serviço, ampliando o número de estabelecimentos e vendedores informais que contam com uma maquininha com chip próprio ou que funciona via celular – os modelos tradicionais continuam a ser um pouco mais inacessíveis, mas não tanto quanto antigamente.

Cartões pré-pagos avançaram 68% no primeiro trimestre

O uso de cartão pré-pagos para compras e pagamentos avançou 68% no primeiro trimestre de 2018 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da mesma pesquisa. Esta é outra tendência que pode ser associada à guerra do mercado de máquinas de cartão.

No primeiro trimestre de 2016, o pré-pago foi usado em 855 milhões das vendas realizadas. No mesmo período de 2017, este número subiu para 1,3 bilhão. E em 2018, o resultado trimestral foi de R$2,2 bilhões. Claro que esse incremento não se deve apenas aos cartões pré-pagos distribuídos junto com as maquininhas de cartão. Mas elas, com certeza, contribuíram para isso.

Transações via Cartão Pré-Pago

Esse setor vêm investindo alto na atração de vendedores sem conta bancária, um mercado que antes não despertava o interesse das empresas fornecedora por conta do alto risco percebido. Mas, com a entrada bem-sucedida de empresas que decidiram apostar nesse segmento, outras decidiram investir também.

Só que logo foi identificada a necessidade de criar uma forma de permitir o saque do faturamento das vendas sem o repasse para uma conta bancária. E a resposta para isso foi a distribuição de cartões pré-pagos.

Hoje, a maioria das empresas não cobra custo extra pela solicitação ou uso do cartão. E este pode também ser usado para pagamento de contas e para compras em estabelecimentos que aceitem a bandeira do pré-pago, o que os tornam ainda mais atrativos.

Acesso à máquinas de cartão têm impacto positivo

Em estudo para a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a Abecs informou que o cenário de expansão dos meios de pagamentos contribui para a economia brasileira de forma positiva. Entre os pontos identificandos estão os seguintes:

  • Redução de perdas para o empreendedor, graças ao fim dos cheques devolvidos, melhor logística, e minimização do impacto de roubos.

  • Maior formalização da economia

  • Incremento na arrecadação de impostos

Além disso, quando se fala em cartões pré-pagos, estes têm um importante impacto na educação financeira – algo ainda em desenvolvimento entre os brasileiros.

Isto porque o cartão pré-pago só permite pagar por produtos e serviços até o limite de dinheiro que você já tem disponível. Assim, é eliminada a possibilidade de endividamento criada pelo limite de crédito dos cartões convencionais.

Dependência do pré-pago pode criar problemas futuros

Vale a pena aguardar para ver se essa tendência de crescimento continua nos próximos anos. E também se ela mantém o seu impacto positivo entre os micro e pequenos empreendedores, e não apenas para as políticas públicas.

Como os vendedores sem conta bancária não possuem outra alternativa se não usar o pré-pago para a retirada do seu faturamento, eles ficam à mercê das decisões da operadora. Se, por exemplo, esta começar a cobrar pelo uso do cartão, e este custo for alto, esse tipo de solução pode tornar-se um grande problema para os vendedores.

O quadro torna-se ainda mais complexo se essa mudança acontecer de forma inesperada ou com curto aviso prévio. Pequenos empreendedores raramente contam com fluxo de caixa suficiente para absorver despesas de última hora.

Por outro lado, o mais provável é que isso não venha a acontecer. Os principais prejudicados seriam as próprias empresas fornecedoras de máquinas de cartão, que veriam vendedores deixando o seu negócio em massa e também sem aviso prévio, já que não há contratado assinado.